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Entenda a Operação Militar de Israel Contra o Hezbollah: O Que Significa 'Limitada, Localizada e Direcionada'?

2024-10-01

Em uma ação militar que promete agitar ainda mais o cenário do Oriente Médio, as Forças de Defesa de Israel (FDI) iniciaram uma operação "limitada, localizada e direcionada" em território libanês, focada em alvos do Hezbollah. A ação, que começou na madrugada de terça-feira (1º de outubro, horário local), surge em resposta a uma sequência de ataques entre Israel e o grupo extremista, que tem disparado foguetes visando o norte de Israel desde outubro de 2023, em solidariedade ao Hamas na Faixa de Gaza.

Essa nova escalada de conflitos foi catalisada pela morte de Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, em um ataque israelense na última sexta-feira (27). As recentes trocas de fogo provocaram um aumento nas operações militares de Israel, que têm como objetivo desmantelar a capacidade bélica do Hezbollah, que conta com uma impressionante arsenal de cerca de 150 mil mísseis e foguetes.

"As FDI estão realizando incursões terrestres em áreas específicas do sul do Líbano, onde identificamos ameaças iminentes às comunidades israelenses no norte", informou um comunicado do Exército israelense.

De acordo com o especialista em Relações Internacionais Vitelio Brustolin, a operação “limitada, localizada e direcionada” não implica numa ocupação total das áreas invadidas, mas sim em uma série de incursões para atingir objetivos precisos com uso de forças especiais — unidades menores que utilizam recursos combinados como infantaria, veículos, cobertura aérea e artilharia.

Esse tipo de operação está de acordo com a teoria militar de Carl von Clausewitz, que distingue entre guerras limitadas e ilimitadas. Enquanto Israel tem conduzido uma guerra ilimitada contra o Hamas, o enfoque sobre o Hezbollah visa alcançar resultados objetivos sem uma ocupação prolongada.

O histórico de confrontos entre Israel e Hezbollah se intensificou após as explosões de equipamentos de comunicação do Hezbollah em setembro, que foram um golpe significativo para a organização. A abordagem israelense abrangeu bombardeios aéreos e agora essa nova fase de incursões terrestres, que, segundo Brustolin, busca inicialmente reconhecimento e neutralização de forças inimigas até a linha do rio Litani, ponto crucial para o controle da região.

Além disso, a Resolução 1701 da ONU, que pôs fim à Guerra do Líbano em 2006, exige que o Hezbollah se retire do sul do Líbano, ponto que Israel pode usar como uma justificativa para continuar sua ofensiva militar.

Na segunda-feira (30), relatos de cidadãos libaneses indicaram bombardeios intensos e a movimentação de helicópteros israelenses na fronteira. Estima-se que a operação atual, nomeada "Setas do Norte", se estenda de acordo com a avaliação da situação pelo comando militar israelense e em sincronia com as ações contínuas em Gaza.

Consequentemente, o Ministério da Saúde do Líbano reportou 95 mortes e 172 feridos em decorrência dos bombardeios de Israel, refletindo a gravidade da situação humanitária na região. O clima de tensão permanece, enquanto as operações militares seguem a todo vapor e as perspectivas de um cessar-fogo ainda parecem distantes.

Fique atento às atualizações sobre esse conflito que já dura décadas e que continua a impactar não apenas Israel e Líbano, mas toda a dinâmica política do Oriente Médio.