Uma casa localizada no Complexo do Alemão se tornou o epicentro de uma violenta operação policial, resultando em centena de tiros disparados e um clima de terror para a população local.

"Foi aterrorizante. Os tiros começaram e eu me deitei no chão do quarto do meu neto de apenas 6 anos", relatou uma moradora, que preferiu permanecer anônima por temor de represálias. Residente do Alemão há mais de cinco décadas, ela descreveu como a sua casa foi alvo de um intenso tiroteio, com granadas e balas que destruíram paredes e danificaram a estrutura do imóvel.

Além do pânico vivido, sua residência, que sempre foi um lar acolhedor, está agora marcada por cicatrizes de guerra: portas, janelas e até a tela da televisão tornaram-se vítimas do combate. A moradora, que exerce a profissão de costureira, enfrenta o desafio de reparar os danos, sem saber ao certo como irá fazê-lo. "Minha casa está completamente destruída", lamentou.

As consequências da operação policial não se restringem apenas aos danos materiais. Em outro local do Complexo do Alemão, um morador mostrou marcas de tiro em sua casa e outro comentou sobre um acidente envolvendo um veículo blindado, que atingiu a coluna de sua varanda, comprometendo a estrutura.

Cerca de 500 agentes das polícias Civil e Militar foram mobilizados para a Operação Torniquete, que busca desmantelar facções criminosas e combater o roubo de veículos e cargas. A ação começou por volta das 4h da manhã e rapidamente se transformou em um verdadeiro campo de batalha, com revide e intenso tiroteio em várias áreas do complexo.

Infelizmente, o dia também trouxe tragédias. Durante os confrontos, um homem, identificado como Carlos André Vasconcellos dos Santos, um jardineiro de 36 anos, foi atingido por uma bala perdida enquanto tomava café próximo ao BRT da Penha. Já um policial militar foi gravemente ferido e levado ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, assim como um jovem de 21 anos, que também foi baleado dentro de casa.

A Polícia Militar afirmou que a operação visava conter a expansão territorial de facções criminosas na região e que todos os protocolos necessários foram seguidos. Apesar de reconhecer que alguns "efeitos indesejados" ocorreram, o major Maicon Pereira defendeu os procedimentos adotados, garantindo que ambulâncias blindadas estavam disponíveis para suporte de emergência.

Este trágico episódio expõe mais uma vez a realidade de violência que muitos cidadãos enfrentam diariamente em áreas marcadas por conflitos entre traficantes e forças policiais. O clamor por segurança e paz é um grito que ecoa entre os moradores do Alemão, que desejam, acima de tudo, retomar suas vidas normais em um ambiente seguro.