Alívio temporário: Impactos da tarifa de Trump no Brasil podem abalar câmbio, juros e comércio exterior
2025-01-22
Autor: Fernanda
A recente iminência de novas tarifas por parte de Donald Trump tem gerado apreensão entre economistas, que alertam para os possíveis efeitos indiretos sobre a economia brasileira. Em uma entrevista, Lia Valls, especialista em comércio exterior, enfatizou que embora o Brasil ainda não esteja na mira das novas configurações tarifárias, as tensões geopolíticas cada vez mais se concretizam. "Trump está buscando maneiras de implementar tarifas que não prejudiquem os EUA, mas a ameaça poderá ser utilizada como moeda de troca nas negociações internacionais", afirmou.
Na busca por restrições, Trump manifestou a possibilidade de tarifas de 10% sobre produtos da China, o que poderia reverter as dinâmicas comerciais, levando a uma contestação semelhante da parte chinesa, benéfica ao agronegócio brasileiro.
Roberto Dumas Damas, economista do Insper, observou que a guerra tarifária iniciada no primeiro mandato de Trump pode evoluir, fazendo com que o Brasil se prepare para momentos de incerteza. "É preciso estar atento aos desdobramentos dessa guerra, uma vez que Trump já manifestou intenções de taxar países do Brics em até 100%", ressaltou.
Além disso, analistas consideram que a política protecionista pode provocar um aumento no valor do dólar globalmente, o que impactaria diretamente o Brasil, onde a previsão é que a moeda americana se mantenha flutuando entre R$ 6 e R$ 6,10. Esse cenário faz com que o país precise ter cuidado para controlar a inflação interna, já que um dólar forte pode elevar os preços dos produtos importados e, consequentemente, alimentar a inflação.
Economistas identificam que a participação do Brasil no comércio americano é relativamente pequena, sendo apenas 2,2% das exportações dos EUA e 1,3% das importações, o que pode não apresentar um grande impacto imediato, mas a constante volatilidade do mercado traz incertezas. O alerta é que, com a crise econômica global, especialmente em tempos de inflação crescente, o Brasil deve manter suas contas públicas em ordem e buscar atrair investimentos diversificados, especialmente da China, que é um parceiro comercial significativo.
A perspectiva de um aumento das taxas de juros no Brasil, para 15,5% este ano, também preocupa, pois isso pode afetar o crescimento econômico e a recuperação após a pandemia. Alguns analistas sugerem que uma resposta eficaz à fiscalização fiscal será crucial, especialmente com a revisão das políticas de comércio global.
Em um ambiente de incertezas, o futuro do agronegócio brasileiro, que em anos recentes apresentou bons resultados, pode ser afetado, levando a uma possível perda de mercado externo. Observa-se que, nesta fase inicial do novo governo Trump, é vital que o Brasil tome decisões estratégicas e mantenha a calma para direcionar sua economia à estabilidade.
"As oscilações do mercado e a imprevisibilidade nas tarifas exigem uma análise cuidadosa das políticas econômicas", conclui um analista da Empiricus Research, sugerindo que a adaptação e resiliência do Brasil serão testadas nas próximas semanas. Se essa crise se desenrolar conforme alguns economistas preveem, poderá ser uma das mais significativas desde a Segunda Guerra Mundial. Somente o tempo dirá se há luz no fim do túnel neste novo cenário comercial.