Mundo

Zelensky critica Brasil e China por suposta falta de interesse genuíno em mediar paz: 'Não terão poder à custa da Ucrânia'

2024-09-25

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, expressou ceticismo sobre o interesse do Brasil em mediar as negociações de paz entre a Ucrânia e a Rússia durante seu discurso na 79ª sessão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), realizada em 25 de setembro de 2024.

Zelensky questionou abertamente a seriedade das propostas feitas por Brasil e China, afirmando que as alternativas apresentadas não apenas ignoram a dor e os interesses do povo ucraniano, como também podem dar ao presidente russo, Vladimir Putin, uma oportunidade para prolongar o conflito.

"Quando alguns propõem planos de paz sem entusiasmo, isso não apenas ignora a realidade, mas também fornece um espaço político a Putin para continuar a guerra", destacou Zelensky em seu discurso. Ele ainda afirmou que o Brasil e a China "não aumentarão seus poderes às custas da Ucrânia".

Desde o ano passado, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, manifestou seu desejo de atuar como mediador em um diálogo entre a Rússia e a Ucrânia, apresentando um plano de paz que ainda não convenceu os líderes ucranianos. O presidente da China, Xi Jinping, também deixou claro um interesse em intermediar as conversações, tendo conversado com Zelensky pela primeira vez por telefone no final de abril, mas as propostas ainda são vistas com desconfiança por Kiev.

Zelensky reiterou que não vai negociar com Moscou enquanto Putin estiver no poder e exigiu um cessar-fogo imediato. Durante uma reunião em maio com o ex-chanceler brasileiro Celso Amorim, Zelensky enfatizou que o único plano de paz aceitável para a Ucrânia deve ser o ucraniano.

Lula, por sua vez, já havia criticado tanto Zelensky quanto Putin, sugerindo que ambos pareciam "gostar da guerra" e clamando por um plano de paz efetivo. Zelensky, em resposta, argumentou que o Brasil priorizava suas alianças com a Rússia, especialmente no contexto do grupo BRICS, o que levou a tensões diplomáticas que o governo brasileiro tenta mitigar, afirmando que sua posição é a favor da paz e não de um dos lados.

Durante sua fala na ONU, Zelensky enfatizou que não aceitaria uma "paz imposta" e questionou como alguém poderia considerar viável um acordo que se baseasse em um passado colonial brutais, que só traz sofrimento e opressão ao seu povo.

Além disso, Zelensky levantou preocupações sobre um possível ataque coordenado da Rússia a usinas nucleares na Ucrânia, acendendo um alerta sobre os desdobramentos que um conflito prolongado poderia trazer, não apenas para a região, mas para a segurança global.

A Assembleia Geral da ONU reúne líderes e representantes de 193 países, sendo um dos principais fóruns internacionais para discussões sobre questões globais fundamentais. Nos últimos dias, várias vozes, incluindo a de Lula e outros líderes mundiais, têm chamado a atenção para a urgência em se buscar soluções pacíficas para os conflitos em andamento. Essa temática deve continuar dominando as negociações e falas ao longo da sessão, que vai até o final da semana.