Ciência

Trinta países se preparam para novas normas ambientais para empresas: o que isso significa?

2024-11-12

Autor: Mariana

Trinta países estão prestes a implementar normas contábeis harmonizadas internacionalmente sobre questões climáticas, anunciou nesta terça-feira (12) o Conselho de Normas Extra-Financeiras Internacional (ISSB). Essa iniciativa representa um marco importante na luta contra as mudanças climáticas, pois estabelece uma base sólida para a transparência corporativa em relação às emissões de gases do efeito estufa.

Essas novas normas padronizam a maneira como as empresas relatam os riscos que a mudança climática pode representar para seus negócios, assim como a contabilização de suas emissões de gases de efeito estufa. O objetivo do ISSB é oferecer aos investidores informações confiáveis sobre se estão aplicando seu dinheiro em empresas expostas a riscos climáticos, impactando diretamente seus portfólios de ações.

Além disso, ao normalizar a contabilidade do carbono, que inclui as emissões indiretas de gases de efeito estufa, as novas regras visam regulamentar de forma mais rigorosa as alegações de empresas que se autodenominam verdes ou neutras em carbono. Essa medida é crucial para combater o chamado 'greenwashing', onde empresas se apresentam como sustentáveis sem cumprir efetivamente com práticas ambientais responsáveis.

Durante a COP29, o ISSB anunciou que 16 jurisdições já decidiram adotar essas normas, entre elas Brasil, Austrália, Bangladesh, Singapura, Taiwan, Nigéria e Turquia. Outras 14, incluindo Canadá, Quênia, Reino Unido, Japão, Coreia do Sul e China, estão seguindo o mesmo caminho. A União Europeia, que já possui normas compatíveis, também está entre as primeiras 16 jurisdições.

O diretor do ISSB, Emmanuel Faber, expressou satisfação ao afirmar que metade destes países são nações emergentes em desenvolvimento, como Bangladesh, Sri Lanka, Malásia e outros na África. Ele descreveu essa mudança como "fundamental" e indicou um consenso crescente sobre a importância de atender a padrões internacionais para atrair investimento e capital.

"As cadeias de valor são globais, e os países africanos precisam de capital. Ao adotarem nossas normas, acreditamos que poderão atrair investimentos", disse Faber. Ele também ressaltou que ao tornar a situação climática das empresas mais transparente, elas conseguirão obter empréstimos em condições mais vantajosas.

Faber ainda revelou que a China está prestes a finalizar sua primeira norma nos próximos meses, uma etapa crucial visto o papel fundamental do país nas cadeias de valor globais.

As empresas terão a opção de utilizar voluntariamente estes padrões em seus relatórios anuais. Estima-se que mil empresas, incluindo gigantes como Unilever, Bank of America, Alibaba, Pfizer e Tata, já tenham a intenção de adotar essas práticas. Com essa nova regulamentação, um futuro mais verde e sustentável pode estar ao nosso alcance!