'Médico alertou sobre morte súbita': Como saber se você tem insuficiência cardíaca?
2024-11-14
Autor: Julia
Katia Arruda, uma brasileira de 63 anos, recebeu o diagnóstico de insuficiência cardíaca em 2020, durante o pico da pandemia de Covid-19. Essa mulher, vigorosa e cheia de energia, começou a sentir um cansaço extremo que mudaria sua vida para sempre. Além de sofrer com a doença autoimune lúpus, Katia passou a ter falta de ar, cansaço e suores frequentes, sintomas que a levaram a buscar ajuda médica.
Após um eletrocardiograma, Katia consultou dois cardiologistas. O primeiro minimizou os sinais e desencorajou-a. "Ele me disse que eu estava apenas acima do peso e que deveria procurar uma nutricionista", lembra Katia. "Mas, na verdade, eu já estava enfrentando insuficiência cardíaca e cardiomiopatia grau 3", um estágio avançado da doença, compartilha Katia, ainda em choque com a ignorância do primeiro médico.
A confirmação do diagnóstico veio com o segundo cardiologista, que rapidamente solicitou um ecocardiograma. "Ele me disse que eu poderia ter uma morte súbita a qualquer momento", relata Katia, chamando o médico de seu "anjo da guarda". Desde então, a protagonista desta história iniciou sua jornada de tratamento, que, apesar das dificuldades, a levou a uma recuperação e hoje convive com a condição. Katia também se tornou uma fonte de apoio para outras pessoas, gerenciando um grupo no Facebook com 8 mil membros que compartilham experiências sobre insuficiência cardíaca.
Ela lembra claramente como sua vida mudou drasticamente no início da doença. "Fiquei dois anos sem conseguir fazer as tarefas mais simples, como varrer a casa ou limpar o banheiro. Foi um período muito difícil", desabafa.
Os sintomas de cansaço extremo que Katia enfrentou são característicos da insuficiência cardíaca, gerados pelo acumulo de líquidos nos pulmões. A cardiologista explica que, quando em pé, o líquido se acumula na base dos pulmões, e ao se deitar, ele se espalha, causando grande desconforto e fazendo com que o paciente mude de posição constantemente.
Com a evolução da doença, inchaços nas pernas tornam-se comuns, especialmente no final do dia, e com o tempo, os pacientes podem acordar com membros inchados.
Mas, o que pode causar insuficiência cardíaca?
A cardiologista Lídia Moura lista diversos fatores que contribuem para a condição. Ela salienta que a insuficiência cardíaca é muitas vezes o estágio terminal de várias doenças cardíacas. Apesar de no passado as taxas de sobrevida serem baixas, os avanços nos tratamentos hoje permitem que os pacientes vivam com mais qualidade e por mais tempo.
As principais causas incluem doenças valvulares, hipertensão arterial, e a doença coronariana, bastante prevalente no Brasil. Catástrofes cardíacas, como infartos, danificam o músculo ventricular e, em casos de múltiplos eventos, o dano se torna significativo.
Além disso, diabetes e obesidade elevam o risco. "Neste ponto, os corações tendem a não se dilatar adequadamente, resultando em um coração pequeno e rígido", conclui a especialista.
Outras causas incluem a Doença de Chagas, ainda comum em várias regiões do Brasil, além do abuso de álcool e certos tratamentos oncológicos, que também podem predispôr à insuficiência cardíaca. É importante destacar que estas condições raramente ocorrem isoladamente.
Por fim, a cardiologista enfatiza a importância de um acompanhamento individualizado. O tratamento deve ser personalizado com base na saúde do paciente e em possíveis outras doenças associadas, sempre visando o equilíbrio e a qualidade de vida. "Cada paciente é único e possui sua própria história", conclui Lídia Moura.