Corpo de Evandro Teixeira será cremado e cinzas irão para Canudos, na Bahia
2024-11-05
Autor: Lucas
Um adeus ao ícone do fotojornalismo brasileiro
O corpo do renomado fotógrafo Evandro Teixeira será cremado em uma cerimônia restrita à família, e suas cinzas serão levadas para Canudos, na Bahia, local que teve um papel simbólico importante em sua vida e obra.
A decisão de levar as cinzas para Canudos foi aprovada pela família em virtude da conexão emocional de Evandro com a região, particularmente com os sobreviventes da guerra de Canudos, tema que ele retratou em suas obras.
Evandro faleceu na última segunda-feira (4), aos 88 anos, na Clínica São Vicente, localizada na Gávea, Rio de Janeiro. O falecimento foi resultado de falência múltipla de órgãos, complicações que surgiram após uma pneumonia.
O velório de Evandro na Câmara Municipal do Rio contou com a presença de amigos, parentes e admiradores, todos reunidos para prestar a última homenagem a um dos maiores nomes do fotojornalismo do Brasil. Ele deixa sua esposa Marli, com quem compartilhou 60 anos de casamento, além de duas filhas e três netas.
Carina Almeida, uma das filhas de Evandro, destacou a importância do local do velório, afirmando que “a despedida na Câmara é emblemática, pois suas fotos do golpe militar e da passeata dos 100 mil se tornaram registros históricos”. Ela enfatizou a relevância das exposições do pai nos dias de hoje, lembrando que é vital manter a memória viva sobre a ditadura.
A contribuição e o legado de Evandro foram mencionados por muitos colegas fotógrafos que compareceram ao velório. Ricardo Stuckert, fotógrafo oficial do presidente Lula e amigo de longa data de Evandro, comentou sobre sua habilidade única de capturar momentos: “A fotografia sempre vinha até ele, como um bom jogador de futebol que recebe a bola”.
Evandro Teixeira, que nasceu em 1935 na Bahia, aos 22 anos mudou-se para o Rio de Janeiro, onde rapidamente se tornou uma referência no campo do fotojornalismo, trabalhando mais de 47 anos no Jornal do Brasil.
Ao longo de sua carreira, Evandro registrou eventos significativos, incluindo o golpe militar de 1964. Uma de suas histórias mais memoráveis foi quando se disfarçou para fotografar o momento. Ele revelou que, depois de conseguir captar a imagem de militares em contraluz sob a chuva, escondeu o filme da câmera em sua meia para evitar a apreensão.
Suas imagens, como a icônica da Passeata dos 100 Mil em 1968, foram fundamentais para documentar a resistência contra a repressão da ditadura. Ele sempre teve um olhar atento para a luta da população e uma sensibilidade incomparável para capturar a essência dos momentos mais intensos da história recente do Brasil.
Evandro Teixeira será lembrado não apenas como um fotógrafo, mas como um verdadeiro cronista da vida e das lutas do povo brasileiro. Seu legado continua a inspirar novas gerações a lutarem pela liberdade e pela memória coletiva.