Nação

Tensão e Revolta: O Desfecho Trágico do Velório de Ryan, Menino de 4 Anos Morto Durante Confronto Policial em SP

2024-11-07

Autor: Julia

Durante o velório de Ryan da Silva Andrade Santos, que foi tragicamente baleado aos quatro anos em um confronto policial no litoral de São Paulo, a situação se tornou tensa quando a Polícia Militar (PM) se fez presente. O sepultamento, realizado na quinta-feira (7) no Cemitério Municipal da Areia Branca em Santos, gerou discussões acaloradas entre a PM, o ouvidor das Polícias do Estado de São Paulo, Cláudio Aparecido da Silva, e um grupo de cidadãos presentes.

A tensão fora do cemitério começou quando a PM abordou um motociclista, levando o ouvidor a se manifestar veementemente sobre a falta de respeito da presença policial no velório, afirmando, "mandar viaturas para a porta do velório e impedir o cortejo é uma falta de respeito."

Ryan foi morto no Morro São Bento após ser atingido por disparos durante uma troca de tiros entre a polícia e suspeitos. No incidente, dois adolescentes, de 15 e 17 anos, também foram feridos, sendo que o mais velho não sobreviveu aos ferimentos. Segundo relatos, ambos eram considerados suspeitos pela polícia. O secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, lamentou a tragédia, mas defendeu a ação da polícia, alegando que "nenhum policial queria que essa tragédia acontecesse."

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) anunciou que estava intensificando as operações na região da Baixada Santista após o ocorrido, com o objetivo de localizar e prender os responsáveis pelos ataques aos policiais. O coronel Émerson Massera, porta-voz da PM, destacou que a operação busca identificar os criminosos envolvidos e que o reforço policial estaria em vigor por tempo indeterminado, abrangendo toda a região, e não apenas o Morro São Bento.

Infelizmente, a morte de Ryan não é um caso isolado na família. Seu pai, Leonel Andrade Santos, foi uma das vítimas da violenta "Operação Verão", que resultou na morte de 56 pessoas entre janeiro e abril deste ano. Leonel foi morto por agentes da PM em fevereiro, supostamente ao apontar uma arma. A dor da perda é palpável para a mãe de Ryan, Beatriz da Silva Rosa, que expressou sua revolta: "Meu sentimento é de revolta. Eu perdi meu marido há nove meses, e agora meu filho. Como isso pode acontecer?"

O cenário trágico revela uma grave crise de segurança pública, marcada pela violência e pela relação problematizada entre a polícia e a comunidade. A morte de uma criança inocente destaca a urgência de discutir as políticas de segurança e a necessidade de reformas que possam prevenir tais tragédias. A sociedade espera responsabilidade não apenas dos agentes envolvidos, mas também um comprometimento apostando em ações que visam proteger a vida das crianças e garantir um policiamento mais humano. Esta situação deve ser um chamado à reflexão: o que deve ser feito para impedir que histórias tragicamente repetitivas como essa deixem de existir em nossa sociedade?