Saúde

Ricardo Nunes Evita Debater Aborto Durante Debate e Causa Polêmica em São Paulo

2024-09-16

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) e candidato à reeleição na capital paulista, foi alvo de intensos questionamentos sobre sua posição em relação ao aborto durante um debate transmitido pela TV Cultura neste último domingo, 15. Durante a discussão, o apresentador Leão Serva indagou sobre o tratamento dado aos abortos previstos em lei nos hospitais públicos de São Paulo, mas Nunes preferiu desviar do assunto e não oferecer uma resposta direta.

"A cidade de São Paulo restringiu recentemente o atendimento aos casos de aborto previstos na legislação na rede do SUS. Essa posição pode agradar eleitores mais religiosos, mas certamente descontenta aqueles que veem o aborto como um direito garantido pela lei. O que pretende fazer em relação ao SUS e ao aborto se for reeleito?", perguntou o âncora.

Nunes, em sua resposta, enfatizou que a Prefeitura de São Paulo deve seguir a legislação vigente e as determinações judiciais. "No caso do Hospital da Cachoeirinha, os médicos optaram por reorganizar o atendimento. Enfrentávamos uma fila de 1.200 mulheres aguardando por cirurgias de endometriose, precisávamos priorizar esse atendimento e já realizamos mais de 1.000 dessas operações", justificou.

No entanto, a suspensão dos atendimentos em abortos na Maternidade Vila Nova Cachoeirinha, na Zona Norte de São Paulo, foi implementada pela prefeitura em dezembro de 2023, sob a alegação de aumentar a capacidade para outros tipos de cirurgia, o que gerou críticas e repercussões negativas na sociedade.

Vale destacar que a legislação brasileira permite a interrupção da gravidez em casos específicos, como em situações de gravidez resultante de estupro, riscos à vida da gestante ou em diagnósticos de anencefalia do feto. Nesses casos, o serviço deve ser oferecido de maneira gratuita, mas a implementação efetiva dessas diretrizes ainda enfrenta barreiras significativas na prática nos hospitais públicos.

A falta de posicionamento claro de Nunes em relação a estas questões delicadas pode impactar eleitorais decisivamente, especialmente entre as mulheres e grupos que defendem os direitos reprodutivos. A crescente pressão popular e crítica dos movimentos sociais poderá forçar uma mudança no discurso do prefeito ou mesmo de seus opositores, que veem a oportunidade de explorar essa lacuna em suas campanhas.