A recente concessão de asilo ao ex-presidente sírio, Bashar al-Assad, na Rússia, foi uma decisão direta do presidente Vladimir Putin, conforme revelou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, nesta segunda-feira (9). Essa medida acontece em um momento crítico, após Assad ter sido deposto em um golpe liderado por opositores que rapidamente tomaram a capital, Damasco, no último fim de semana.

Após deixar a Síria no domingo (8), Assad e sua família desembarcaram em Moscou. A relação entre Putin e Assad sempre foi bastante próxima, com a Rússia mantendo várias bases militares na Síria e apoiando o regime de Assad ao longo dos últimos anos. No entanto, devido à atenção da Rússia voltada para a guerra na Ucrânia, não houve uma intervenção direta de Moscou para proteger o líder deposto durante a crise recente.

A ofensiva que culminou na queda de Assad foi liderada pelo grupo islâmico HTS (Hayat Tahrir al-Sham), que agora se destaca como a principal força opositora. Sob o comando de Abu Mohammed al-Jolani, um ex-integrante da Al-Qaeda, o HTS tenta se reposicionar como uma força mais moderada no cenário político sírio. Desde 2017, as hostilidades entre o HTS e o regime de Assad têm se intensificado, com raízes que remontam à luta entre o governo sírio e a Frente al-Nusra, a qual era afiliada à Al-Qaeda e se consolidou durante a guerra civil no país.

Imagens do último domingo mostraram insurgentes desfilando armados pelas ruas de Damasco, destacando a magnitude da ofensiva. Essa operação começou em 27 de novembro com a captura da cidade de Aleppo, a segunda maior da Síria.

Agora, com Assad fora do poder, a pergunta que paira no ar é: qual será o futuro da Síria? O vazio de poder pode abrir espaço para um novo tipo de governança ou aumentar ainda mais a instabilidade na região. Enquanto isso, a Rússia se posiciona estrategicamente, buscando consolidar sua influência na área em meio às contínuas mudanças.