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Presidente do Panamá e ex-líderes reafirmam: 'O Canal não é negociável!'

2024-12-24

Autor: Fernanda

Em uma firme declaração, o presidente do Panamá, José Raúl Mulino, junto com vários ex-presidentes do país, deixou clara sua posição sobre o Canal do Panamá nesta segunda-feira (23). A afirmação ocorre em meio às ameaças do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, de reivindicar o controle do canal caso os valores dos pedágios cobrados dos navios americanos não sejam reduzidos.

"A soberania do nosso país e nosso canal não são negociáveis", enfatizou Mulino em uma declaração conjunta, que foi assinada por ex-presidentes como Ernesto Pérez Balladares, Martín Torrijos e Mireya Moscoso, durante uma reunião no Palácio das Garças, sede do governo panamenho. O grupo definiu o canal como parte da história de luta do Panamá e uma conquista irreversível.

Ainda que alguns líderes não tenham comparecido, como Ricardo Martinelli e Laurentino Cortizo, ambos manifestaram seu apoio pela internet, solidificando um consenso nacional em defesa da soberania panamenha. "Podemos ter opiniões diversas, mas em relação ao nosso canal e à nossa soberania, nos unimos sob uma mesma bandeira", afirmaram.

Inaugurado em 1914, o Canal do Panamá foi controlado pelos Estados Unidos até 1999, quando retornou ao Panamá após a ratificação de tratados em 1977, assinados pelo então presidente americano Jimmy Carter e o nacionalista panamenho Omar Torrijos.

Trump, por outro lado, fez comentários provocativos, alegando que poderia reivindicar o canal caso o Panamá não reduzisse os preços dos pedágios, e também acusou a China de estar envolvida nas operações do canal, que é administrado pela Autoridade do Canal do Panamá, uma entidade pública e autônoma panamenha.

Os preços dos pedágios são determinados pela capacidade de carga dos navios e não por seu país de origem, o que garante que o Panamá opere com base na demanda. Com impressionantes 80 km de extensão, o Canal do Panamá é uma das principais vias de comércio marítimo global, com 5% do comércio mundial passando por lá, sendo os principais usuários os Estados Unidos, China, Japão, Coreia do Sul e Chile. Essa importância estratégica destaca ainda mais a necessidade de proteger a soberania do Panamá.

Entretanto, a retórica de Trump incita preocupações sobre possíveis impactos nas relações entre os dois países e na segurança da rota que é vital para o comércio internacional. A comunidade internacional agora observa atentamente como o Panamá se posicionará frente às crescentes tensões e cobranças de Trump, enquanto a Nações Unidas já adverte sobre possíveis riscos políticos que podem advir da situação atual.