Preços de imóveis novos devem subir com o aumento de custos de construção e mão de obra
2024-11-06
Autor: Fernanda
O mercado imobiliário está passando por uma transformação significativa e essa mudança pode levar a um aumento nos preços dos imóveis novos. Especialistas já alertam que, ao adquirir uma nova propriedade, os compradores podem enfrentar preços crescentes nos próximos meses devido à pressão nos custos das construtoras.
Segundo Renato Correia, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), a valorização dos imóveis é uma realidade, impulsionada pela demanda aquecida. O reajuste nos materiais de construção foi de 5,48% nos últimos 12 meses até setembro, comparado a 3,21% do ano anterior. Além disso, o custo da mão de obra subiu 7,7% no mesmo período, enquanto a inflação oficial do país, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foi de 4,42%.
Esses aumentos de custo afetam especialmente as empresas que constroem para a população de baixa renda, com programas como o Minha Casa, Minha Vida, que representam cerca de 50% das vendas de imóveis novos. O cenário é preocupante, já que muitas construtoras têm fixado seus preços de venda, mas os custos continuam a subir, em parte devido às flutuações nos preços internacionais de minérios como o ferro, alumínio e aço.
As cotações internacionais são um fator crucial, informou Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos de Construção do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre). À medida que a taxa de câmbio se altera, o custo dos materiais sobe, pressionando ainda mais as margens das construtoras.
Para agravar a situação, a CBIC elevou suas projeções de crescimento do setor da construção civil para 3,5% em 2024, em comparação aos 2,3% inicialmente previstos. Isso significa que a demanda por insumos e materiais de construção deve continuar crescendo, com as vendas projetadas para o próximo ano saltando de um aumento de 3% para 4,5%.
Rodrigo Navarro, presidente da Abramat, destacou que a construção imobiliária está impulsionando as vendas, mas a retomada de obras públicas e novos projetos de infraestrutura também está contribuindo para um crescimento no setor. No entanto, a recuperação lenta no varejo é uma realidade que não pode ser ignorada.
No cenário atual, a pressão sobre os preços parece inevitável. Adriano Andrade, diretor comercial da Docol, já notou que os produtos de metal da empresa encareceram e mais reajustes estão previstos para o início de 2025. A Tigre, conhecida fabricante de tubos e conexões, é outro exemplo de empresa que investe pesado na produção, alocando R$ 200 milhões anualmente, seguindo a demanda crescente do setor imobiliário e de saneamento.
Infelizmente, um dos tópicos mais preocupantes no setor é a falta de mão de obra qualificada. A inflação nos salários da construção civil deve se manter elevada, em torno de 7%. Para atrair trabalhadores, as empresas têm aumentado a remuneração, mas a escassez de profissionais é um obstáculo significativo que pode impactar eventual crescimento do setor.
O panorama atual é desafiador, mas a procura por imóveis, especialmente nas faixas de renda mais baixa, está aquecida. Para aqueles que desejam comprar um imóvel, é melhor agir rapidamente se não quiserem enfrentar gastos ainda maiores no futuro.