Ciência

O que esperar do governo Trump para o clima e a energia limpa?

2025-01-19

Autor: João

A recente vitória de Donald Trump nas eleições traz consigo uma séria preocupação para os defensores do meio ambiente e para os que lutam contra as mudanças climáticas. Alice Hill, pesquisadora do think tank Council on Foreign Relations, destaca que "a vitória de Trump representa um obstáculo real à luta global contra as mudanças climáticas". A expectativa é de que, sob sua liderança, os Estados Unidos retrocedam em seus esforços para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e aumentem a produção de combustíveis fósseis.

A exploração de combustíveis fósseis será uma prioridade, com anúncios de planos para expandir a exploração de petróleo e gás natural e relaxar restrições ambientais. Trump já demonstrou a intenção de enfraquecer os incentivos para a energia renovável e veículos elétricos, traçando um caminho que reflete o controverso "Projeto 2025", publicado pela Heritage Foundation. Apesar da negativa de Trump sobre sua associação com o projeto, muitos de seus autores foram nomeados para cargos-chave em seu governo.

Rachel Cleetus, da União de Cientistas Preocupados, não nutre ilusões sobre os impactos negativos que essas políticas podem ter. Segundo ela, "não temos dúvidas de que este governo será destrutivo" e alerta que "ele é anticientífico em sua essência". Enquanto isso, Clarence Edwards, do think tank E3G, acrescenta que os apoiadores de Trump veem o petróleo e o gás como vitais para a força global dos Estados Unidos. Durante sua administração anterior, Trump já liberou a exploração em áreas protegidas e apoiou projetos de oleodutos polêmicos.

Recentemente, durante sua audiência de confirmação, Chris Wright, indicado para liderar o Departamento de Energia, reconheceu a mudança climática como um "fato", mas enfatizou seu apoio contínuo às energias fósseis, alinhando-se ao perfil de sua empresa Liberty Energy. Enquanto isso, Trump prometeu anular proibições importantes instituídas por Biden, que buscavam proteger áreas sensíveis em águas costeiras.

Em relação às energias renováveis, as expectativas são pessimistas. Trump procura reverter políticas que oferecem créditos fiscais significativos para consumidores que investem em energia limpa e veículos elétricos, embora essa medida encontre resistência, especialmente depois que milhares de empregos foram gerados nas últimas décadas nesses setores. Apesar das intenções de Trump, analistas acreditam que será um desafio desmantelar completamente esses projetos, devido aos investimentos já feitos.

Além disso, durante seu primeiro mandato, Trump havia retirado os EUA do Acordo de Paris, colocando em risco os esforços globais para limitar o aquecimento global. A hipótese de que ele novamente retire os EUA do pacto gera apreensão, com especialistas apontando que isso poderia tornar os Estados Unidos menos confiáveis em compromissos internacionais.

Trump também nomeou Lee Zeldin para dirigir a Agência de Proteção Ambiental (EPA), uma escolha que sinaliza uma intenção de desfazer regulamentações ambientais críticas. Durante sua audiência, Zeldin admitiu que a mudança climática causada pelo homem é real, mas mesmo assim se espera que suas políticas priorizem interesses corporativos em detrimento das normas de proteção ambiental. A diretora do Sierra Club, Ben Jealous, expressou que essa nomeação reflete a disposição de Trump em "vender nossa saúde e nossos empregos ao lobby dos poluidores".

Enquanto Trump se prepara para administrar, há uma forte resistência em nível estadual e local, especialmente em estados como Califórnia e Nova York, que estão na vanguarda de políticas ambientais avançadas. O clima, agora, é uma questão central nas relações internacionais e os EUA terão que enfrentar a complexidade de equilibrar seus interesses geopolíticos com a urgência diante da crise climática. A luta contra as mudanças climáticas pode não ser totalmente interrompida, mas a batalha será bastante desafiadora sob a nova administração.