Ciência

O Futuro do Mercado de Carbono: Pode Ele Salvar o Planeta?

2025-01-22

Autor: Gabriel

O mercado de carbono surgiu como uma solução promissora no combate às mudanças climáticas, prometendo precificar as emissões de gases de efeito estufa e responsabilizar os poluidores. No entanto, o que começou como uma ideia visionária inspirada nas teorias de Adam Smith se transformou em um verdadeiro campo de batalha de fraudes e desconfianças.

Recentemente, o CEO da FutureClimate, Fábio Galindo, expressou otimismo sobre a recuperação do mercado, citando três fatores-chave para essa mudança de cenário.

O primeiro é a atualização nas normas de contabilidade para projetos de carbono, que visam restaurar a credibilidade do setor. A Verra, maior certificadora de créditos de carbono global, está implementando uma nova metodologia que elimina a problemática autodeclaração de risco de desmatamento, que antes permitia que empresas supervalorizassem seus projetos.

O segundo fator é a regulamentação do Artigo 6 do Acordo de Paris, que estabelece as bases para um mercado global de carbono. Essa regulamentação foi finalmente finalizada durante a COP29, realizada em novembro no Azerbaijão.

O terceiro ponto de esperança vem da recente aprovação pelo Congresso brasileiro da regulamentação do mercado regulado de créditos de carbono, uma reivindicação antiga das partes interessadas. Esse mercado, diferente do voluntário, impõe uma taxa sobre os setores mais poluidores, reforçando a importância de ações concretas.

Existem essencialmente duas vertentes dentro do mercado de carbono: o regulado, que é governamental, e o voluntário, onde as empresas se engajam de forma independente. Enquanto o mercado regulado não gera créditos comercializáveis, ele desempenha um papel fundamental na definição de preços dentro do mercado voluntário.

Neste último, surgem as maiores questões de confiança, visto que diversas fraudes já foram registradas. O caso de Ricardo Stoppe, que alegou gerar créditos na Amazônia e acabou sendo preso por grilagem de terras, exemplifica as armadilhas enfrentadas pelos investidores.

Gabriel Silva, ex-CFO do Nubank e fundador da Mombak, uma empresa especializada na remoção de carbono, destaca que a credibilidade dos créditos depende significativamente da forma como são gerados. Projetos que focam na remoção de carbono, como reflorestamento, são considerados mais confiáveis. Recentemente, a Mombak fechou um contrato de 1,5 milhão de créditos de remoção com a Microsoft, que envolverá o plantio de 30 milhões de árvores nativas na Amazônia.

Outras empresas, como FutureClimate e Systemica, também se comprometem a trabalhar exclusivamente com projetos de remoção.

Para os compradores, garantir a contabilização acertada do carbono evitado se torna essencial para restaurar a confiança no mercado. A necessidade de 'adicionalidade' – que implica em contribuir efetivamente para a redução do aquecimento global – é um assunto em destaque entre investidores e empresas que aspiram a uma gestão sustentável.

Apesar dos desafios, o potencial do mercado de carbono para contribuir na luta contra as mudanças climáticas é imenso. Sem a recuperação da credibilidade, no entanto, mesmo as propostas mais inovadoras podem não conseguir se sustentar. O futuro do nosso planeta pode depender da restabelecimento dessa confiança.