'Jovens em Revolta': Resistência ao Uso de Celulares nas Escolas Cresce e Desafia o Governo
2025-01-22
Autor: Carolina
O novo ano letivo se aproxima e uma onda de descontentamento se espalha entre os jovens, especialmente aqueles de 17 anos, diante da lei que restringe o uso de celulares nas escolas. Embora essa proposta tenha recebido o apoio de uma parte considerável da população em pesquisas, a resistência nas redes sociais é cada vez mais forte, colocando o governo em meio a um verdadeiro dilema.
De acordo com um recente relatório da empresa de marketing digital AM4, fundada por Marcos Carvalho, ex-estrategista de campanhas políticas, o cenário nas plataformas digitais revela uma clara insatisfação entre os adolescentes. Um monitoramento das reações no X (Twitter), TikTok e Instagram durante a sanção da lei pelo presidente Lula mostrou que as menções negativas superaram as positivas: 45% contra 42%, com 13% de reações neutras. O público de 17 anos destacou-se ainda mais, com 79% de postagens contrárias à restrição.
Pesquisas sugerem que a ideia de proibir celulares nas escolas seria benéfica, promovendo maior concentração e melhor desempenho acadêmico. Contudo, a juventude argumenta que a medida limita a comunicação entre pais e filhos, restringe o uso de tecnologias educativas e pode até dificultar denúncias de assédio e outras irregularidades. "Na escola, onde não posso usar meu celular, não me sinto bem-vindo", disse um adolescente em um vídeo viralizado, recebendo milhares de curtidas e compartilhamentos.
Desde agosto de 2023, algumas normas já estão em vigor nas escolas do Rio de Janeiro. Renan Ferreirinha, relator do projeto no Congresso e secretário de Educação da cidade, admite que o público de 17 anos é um desafio. Ele menciona que muitos estudantes observam a medida como uma violação de sua liberdade, afirmando que a desconexão forçada os tornaria mais rebeldes.
Em contrapartida, Renato Feder, do governo de São Paulo, é mais otimista e acredita que a restrição se tornará mais aceitável com a conscientização coletiva. Ele observa que a pressão para não ser o único aluno sem celular é um fator que pode jogar a favor da aplicação da lei, uma vez que os jovens geralmente querem se sentir parte do grupo.
Além disso, um estudo recente do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação revela números preocupantes: 93% dos jovens entre 15 e 17 anos têm um celular, e 99% possuem perfis em redes sociais. Esse panorama exige que educadores estejam preparados para lidar com a resistência e as possíveis crises de ansiedade que surgirão com a implementação da norma.
A situação também levanta questões sobre como os alunos interagem e se conectam em um mundo digitalmente saturado. A reflexão promovida por especialistas sugere que, apesar da resistência inicial, muitos adolescentes podem descobrir novos modos de socialização longe das telas, como jogar jogos de tabuleiro ou participar de atividades esportivas.
À medida que fevereiro se aproxima e as aulas voltam em todo o país, a expectativa é de que o debate sobre a presença do celular no ambiente escolar se intensifique. Muitas escolas e educadores estão atentos ao que acontece nas redes sociais, já que as reações dos jovens podem influenciar não apenas a aplicação da nova lei, mas também o futuro das normas educacionais no Brasil.