Milei Busca Aliança com Trump para Garantir Empréstimo do FMI
2025-01-22
Autor: Carolina
O governo de Javier Milei está apostando na proximidade ideológica com Donald Trump para avançar nas negociações formalizadas de um empréstimo de US$ 11 bilhões junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
O presidente argentino tem se apoiado em sua política de austeridade, que já recebeu elogios do FMI, como evidenciado na reunião entre Milei e a diretora Kristalina Georgieva. O encontro aconteceu em Washington, no dia 19, durante as celebrações pela posse de Trump. Georgieva destacou o progresso da Argentina, especialmente na redução da inflação, e anunciou que representantes do FMI visitarão Buenos Aires em breve.
As promessas de Milei incluem o fim do "cepo", uma política que restringe o acesso à moeda americana e visa conter a saída de divisas do país. Contudo, especialistas alertam que o caminho pode ser complicado, uma vez que essa política pode causar resistência por parte das nações que compõem o FMI. O economista Guido Zack ressaltou que a situação da Argentina atual — marcada por um controle rigoroso da moeda e uma desvalorização controlada — pode dificultar a aprovação de novos empréstimos pelo FMI.
Esse não é o primeiro contato da Argentina com o FMI, tendo Maurício Macri contraído a maior dívida da história do Fundo, de US$ 50 bilhões, em 2018. Diante disso, a trajetória da Argentina para garantir um novo financiamento pode enfrentar desafios, relacionados não apenas à nova amizade política entre Milei e Trump, mas também ao contexto econômico mais amplo, que inclui uma promessa de Trump de intensificar o protecionismo, o que poderia elevar os custos das importações e complicar ainda mais a estrutura de dívida da Argentina.
Embora o apoio político de Trump seja significativo, a verdadeira questão será a resposta dos outros países membros do FMI, como Japão, China e integrantes da União Europeia, que têm poder de veto nas decisões do Fundo. O cientista político Fran Cantamutto observou que a Argentina tem uma dívida substancial, e não há clareza sobre como o país irá quitar essa obrigação ou quais garantias poderiam ser apresentadas ao FMI.
Em meio a esse cenário, o FMI permanece otimista quanto ao futuro econômico da Argentina, projetando um crescimento do PIB de 5% para 2025 e 2026. Para efeito de comparação, o Brasil, que é o principal parceiro comercial da Argentina, está projetado para crescer 2,2% nos mesmos anos. Entretanto, a situação social no país permanece crítica, com uma elevada taxa de pobreza — que atingiu 49,9% da população no terceiro trimestre de 2024 — e uma queda drástica no consumo, evidenciada por uma redução de 18% nos últimos 12 meses.
Com a inflação em queda, marcando 2,7% em dezembro, e um superávit financeiro pela primeira vez em 14 anos, há esperanças de recuperação financeira na Argentina. No entanto, a recuperação econômica pode ser desafiada pela contínua luta contra a pobreza e pela necessidade de reformas como o fim do "cepo" para atrair investimentos externos e restaurar a confiança do consumidor.