Na semana passada, a Defensoria Pública de São Paulo fez uma recomendação polêmica: a retirada de gradis e barreiras físicas que estão cercando a famosa 'Cracolândia'. O órgão afirmou que essas estruturas representam uma "arquitetura hostil", além de ressaltarem a "desproporcionalidade da medida em comparação a outras que poderiam ser adotadas pela municipalidade."

A ordem do ministro Alexandre de Moraes, que solicitava à prefeitura uma explicação sobre a construção do muro, surgiu após uma ação do PSOL. Os deputados Luciene Cavalcante e Carlos Giannazi, juntamente com o vereador Celso Giannazi, acusaram a gestão atual de ser "brutal e inconstitucional" em sua abordagem, alegando que isso nega a dignidade humana e viola princípios fundamentais da Constituição, como igualdade e liberdade.

Prefeitura Justifica Construção do Muro

Em uma resposta ao STF, a prefeitura declarou que o muro foi erguido para "evitar acidentes, especialmente atropelamentos." A gestão de Nunes negou as acusações de que o muro foi construído para "segregar ou restringir o direito de ir e vir", apresentando imagens do local antes da construção, que mostravam a falta de segurança na área.

A prefeitura ainda defendeu que a obra está “em consonância com o princípio da dignidade humana” e alertou que sua destruição poderia causar "efeitos e danos irreversíveis" à região.

O uso de gradis, segundo a prefeitura, visa facilitar a abordagem de profissionais de saúde. A administração municipal argumenta que essas estruturas permitem "maior proximidade, circulação e visualização dos usuários, especialmente os mais vulneráveis", além de favorecer a interação com os serviços públicos disponíveis.

Criticas à Falta de Planejamento

No entanto, a deputada Luciene Cavalcante afirmou que a resposta do prefeito evidencia a falta de um planejamento adequado para a 'Cracolândia'. Segundo ela, Nunes não apresentou dados que comprovem um aumento no risco de atropelamentos na área. "Se isso fosse verdade, teríamos que construir pequenas muralhas em toda a cidade, já que a falta de políticas públicas resulta em várias 'cracolândias' espalhadas por São Paulo", destacou.

Adicionalmente, os gradis têm o objetivo de facilitar o tráfego de veículos de serviço e ambulâncias, que são frequentemente chamados para atender os usuários da região.

Um Debate Delicado

Essa situação levanta questões sérias sobre os interesses por trás da construção desse muro. A quem realmente interessa a segregação de pessoas em situação vulnerável? Para muitos, essa é uma estratégia que só beneficia traficantes e especuladores imobiliários da área.

Luciene Cavalcante, comprometida em combater a injustiça, continua a lutar por alternativas mais humanitárias e eficazes para lidar com a questão das drogas e a população em situação de rua.