Tecnologia

Médicos utilizam IA para responder mensagens de pacientes; especialista alerta para riscos

2024-10-27

Autor: Maria

Nos últimos anos, a Saúde tem passado por transformações significativas com a introdução da Inteligência Artificial (IA) em diversos serviços, e uma das mais controvésias é a utilização de softwares para responder mensagens de pacientes. Embora essa prática busque aumentar a eficiência no atendimento, especialistas expressam preocupações sobre o impacto disso na comunicação médico-paciente e, principalmente, nos cuidados de saúde.

A Epic, empresa gigante no desenvolvimento de softwares hospitalares, introduziu uma ferramenta chamada MyChart que já está sendo utilizada por mais de 15 mil médicos em diversas instituições. Em vez de ter um médico respondendo individualmente a cada mensagem de pacientes, a ferramenta utiliza IA para gerar respostas, muitas vezes sem que os pacientes saibam que estão se comunicando com um sistema automatizado.

Essa automação chegou a ser uma solução durante a pandemia, quando muitos médicos estavam sobrecarregados e os atendimentos presenciais eram limitados. No entanto, após o pico da pandemia, muitos médicos continuaram a lutar com a carga de mensagens recebidas, levando à adoção da IA como um meio de aliviar sua carga de trabalho.

O uso de IA se tornou uma estratégia para otimizar o tempo dos profissionais de saúde. No entanto, especialistas alertam que as mensagens geradas por IA podem não sempre ser precisas e podem omitir contextos importantes da situação de saúde do paciente, levando a potenciais erros graves.

Estudos iniciais indicam que essa prática pode trazer benefícios em termos de redução do estresse e da carga cognitiva dos médicos, mas algumas pesquisas também sugerem que essa confiança na IA pode diminuir a criticidade deles ao revisar as informações geradas. Um dos temores é que médicos possam acabar por confiar nas sugestões da IA sem uma análise crítica adequada, o que pode resultar na difusão de informações erradas aos pacientes.

A ética em torno do uso de IA na saúde é uma discussão relevante e necessária. Em muitos sistemas, ainda não existem diretrizes claras sobre como os pacientes devem ser informados sobre o uso dessa tecnologia em suas interações. Modelos como o usado pela Epic não estão projetados para enriquecer a comunicação, mas sim para responder a questões mais simples, como cadastro de consultas.

Mais preocupante ainda é o fato de que faltam regulamentações bem definidas que garantam a segurança dos pacientes durante essas comunicações. Em um estudo, foi revelado que 7% das mensagens geradas por IA apresentaram erros que poderiam resultar em riscos significativos à saúde do paciente, colocando em questão a eficácia deste meio de comunicação.

A transparência na relação médico-paciente é outro ponto importante. Especialistas defendem que os pacientes têm o direito de saber se estão recebendo conselhos de um médico ou de uma máquina. A confiança no atendimento médico pode ser abalada se os pacientes descobrirem que parte significativa de sua comunicação foi mediada por uma IA. O desafio é manter a humanização no serviço médico, mesmo diante da crescente automação.

Assim, a implementação da IA no atendimento médico é um caminho promissor, mas que deve ser trilhado com cautela. A integração de tecnologias na área da saúde deve priorizar sempre a segurança e a qualidade do cuidado ao paciente, garantindo que a IA seja uma ferramenta para aprimorar, e não substituir, a relação essencial entre médico e paciente.