Condenação dos Réus

Os ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio Queiroz foram finalmente condenados nesta quinta-feira (31.out.2024) pelo assassinato da vereadora Marielle Franco, do PSOL, e do motorista Anderson Gomes. O horrendo crime ocorreu em março de 2018, no Rio de Janeiro, e permanece marcado na memória da sociedade brasileira como um dos casos mais emblemáticos de violência política.

Lessa recebeu uma pena de 78 anos de prisão, enquanto Queiroz foi condenado a 59 anos. Ambos continuam detidos preventivamente. A decisão foi tomada por um júri popular no 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro.

Multas e Pensão

Além das pesadas penas de prisão, Lessa e Queiroz terão que pagar uma pensão para Arthur, filho de Anderson, até que ele complete 24 anos. Eles também devem indenizar, cada um, em R$ 706 mil, os familiares das vítimas: Luyara Franco (filha de Marielle), Mônica Benício (viúva de Marielle), Marinete Silva (mãe de Marielle), Arthur Gomes (filho de Anderson) e Ágatha Arnaus (viúva de Anderson).

Declarações da Juíza

A juíza do 4º Tribunal do Júri, Lucia Glioche, mencionou na leitura da sentença a longa espera até que a Justiça fosse feita. Ela destacou que 'a Justiça, por vezes, é lenta, cega e injusta. Mas, ela chega. Mesmo para aqueles que acham que jamais serão tocados por ela'. Contudo, as penas dos condenados podem ser reduzidas devido a acordos de delação premiada que assinaram, o que estabelece prazos de, no máximo, 12 anos de prisão para Lessa e 18 anos para Queiroz, com possibilidade de semiaberto.

Julgamento e Delações

O julgamento teve início na quarta-feira (30.out) e durou impressionantes 13 horas, com depoimentos das partes envolvidas, incluindo a mãe de Marielle Franco e a única sobrevivente do ataque, Fernanda Chaves.

Lessa e Queiroz admitiram suas participações no crime durante as delações à Polícia Federal. Lessa revelou ser o autor dos disparos que mataram Marielle, enquanto Queiroz dirigia o carro. Desde 2019, ambos estão encarcerados.

Insinuações de Lessa

Em uma reviravolta surpreendente, Lessa insinuou que os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, figuras políticas proeminentes no Rio de Janeiro, seriam os mandantes do assassinato. Segundo Lessa, o crime teria raízes em disputas fundiárias. Os irmãos foram formalmente denunciados no Supremo Tribunal Federal (STF) em junho deste ano.

Legado de Marielle

Enquanto isso, Marielle segue sendo um símbolo de luta pelos direitos humanos e justiça no Brasil. Seis anos após seu brutal assassinato, ativistas e militantes, empoderados por seu legado, ainda exigem respostas sobre os mandantes e a verdadeira justiça para Marielle e Anderson. O clamor da sociedade por transparência e responsabilização continua a ecoar nas ruas, reafirmando que a luz da justiça, embora lenta, jamais se apagará.