Alta dos Juros Futuros: O Que Está por Trás da Pressão no Mercado?
2024-11-05
Autor: Pedro
Os juros futuros no Brasil estão em alta significativa, recuperando parte do alívio registrado na véspera. O mercado está atento à política fiscal do governo e, hoje, também aos desdobramentos das eleições presidenciais nos Estados Unidos, fator que traz cautela aos investidores. Números robustos do setor de serviços americano elevaram as taxas dos Treasuries, alcançando máximas durante a manhã, intensificando a pressão externa sobre a curva a termo no Brasil.
Por volta das 13h05, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2026 viu seu rendimento subir de 12,89% para 12,955%. As taxas dos DIs de janeiro de 2027 e janeiro de 2029 aumentaram de 13,035% para 13,13% e de 13,045% para 13,145% respectivamente. Já o DI com vencimento em janeiro de 2031 foi de 12,975% para 13,06%.
As taxas dos Treasuries também tiveram aumento expressivo. O rendimento do título de dois anos saltou de 4,17% para 4,232%, enquanto o rendimento de dez anos aumentou de 4,289% para 4,361%.
O movimento de alta nos juros locais se acentuou após a divulgação do índice de atividade no setor de serviços dos EUA, que registrou 56 pontos em outubro, superando as expectativas que eram de apenas 53 pontos. Esse dado reforça a percepção de que a economia americana continua robusta, o que sugere que o Federal Reserve pode não ter espaço suficiente para cortes nas taxas de juros a curto prazo. Essa dinâmica colocou ainda mais pressão sobre as taxas brasileiras.
Além disso, o mercado de renda fixa atravessa um dia complicado, já que as eleições presidenciais nos EUA, com uma disputa acirrada entre Kamala Harris e Donald Trump, tornam difícil para os investidores preverem resultados, segurando suas estratégias até que as contagens de votos se tornem claras.
No Brasil, a atenção dos investidores está voltada para uma agenda de corte de gastos. Hoje, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reunirá com representantes de diversos ministérios, além da área econômica, para discutir possíveis reduções de despesas a fim de respeitar o arcabouço fiscal estabelecido.
Luiz Eduardo Portella, sócio e gestor da Novus Capital, alertou que a atual âncora fiscal brasileira se tornou um 'indicador não confiável', dado que a dinâmica da dívida continua a se deteriorar, mesmo com a expectativa de cumprimento das metas fiscais nos próximos anos. Com os juros reais atingindo níveis em torno de 7%, Portella não acredita que o Banco Central consiga manter a taxa Selic como está atualmente.
Durante um recente call mensal da gestora, ele afirmou que mantém apostas em NTN-B com vencimento nos próximos anos, enquanto também tem posições que apostam em juros reais mais longos. 'Sempre haverá um prêmio de risco para o longo prazo. Como será o próximo governo depois de 2026? Eles estarão dispostos a implementar ajustes que alterem a dinâmica da dívida?', questionou.
Em um dia movimentado, o Tesouro Nacional realizou seu leilão semanal de títulos atrelados à inflação (NTN-B) e à taxa Selic (LFT). Enquanto a oferta de 900 mil LFT foi totalmente absorvida pelo mercado, apenas 83,5% do lote de 600 mil NTN-B foram vendidos, refletindo a cautela do investidor em um cenário incerto.