Lula reconhece falhas políticas na gestão da norma do Pix
2025-01-16
Autor: Mariana
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) expressou sua insatisfação em relação à gestão da norma da Receita Federal que propunha uma fiscalização mais rigorosa sobre transações via Pix. Segundo informações de aliados, Lula reconheceu que uma série de erros levaram a uma derrota política para o governo diante da oposição.
Internamente, as críticas foram direcionadas à equipe econômica, que tratou a proposta de forma excessivamente burocrática, sem desenvolver uma estratégia de comunicação clara e eficaz. Nem Lula nem a Casa Civil foram alertados previamente sobre a decisão, tomando conhecimento dela apenas após a negativa repercussão nas redes sociais.
A oposição rapidamente se aproveitou da situação, acusando o governo de querer aumentar impostos. Um dos vídeos que mais viralizou foi do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), que alegou que o governo estava preocupado apenas em arrecadar mais sem oferecer retorno para a população. Essa postagem alcançou a impressionante marca de 200 milhões de visualizações no Instagram.
Nikolas ressaltou que, embora a norma não prevesse taxação direta sobre a utilização do Pix, não se podia descartar essa possibilidade futuramente. Ele também levantou preocupações sobre os impactos negativos da norma para autônomos e microempreendedores individuais (MEIs).
A pressão aumentou e, após reuniões tensas, Lula tomou a decisão de revogar a norma, apesar da defesa realizada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que sustentou a validade da medida até a manhã de quarta-feira (15). O presidente considerou que uma campanha publicitária não seria suficiente para conter as críticas e as desinformações que circulavam na internet.
Adicionalmente, havia a ameaça de um decreto legislativo que poderia anular a nova norma, o que levou Lula a aceitar a revogação como um meio de evitar um desgaste ainda maior e controlar a desconfiança da população. Esta decisão foi celebrada pela oposição e recebida com alívio por muitos que temiam os efeitos colaterais da medida.
O ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Sidônio Palmeira, foi um dos principais defensores da revogação, apoiado por Rui Costa (Casa Civil). Sidônio assumiu o cargo recentemente, tendo já conquistado uma vitória ao sugerir isenção do Imposto de Renda para aqueles que recebem até R$ 5 mil em pacotes de ajuste fiscal.
Antes de optar por revogar a medida, cogitou-se a realização de um pronunciamento em rede nacional para esclarecer os objetivos da norma. O secretário da Receita Federal, Robson Barreirinhas, chegou a defender publicamente a regra, argumentando que sua revogação prejudicaria pequenos contribuintes e beneficiaria grupos criminosos envolvidos em fraudes.
Aliados de Lula admitiram que o episódio revelou fragilidades nas articulações políticas do governo. Parlamentares da base aliada que inicialmente apoiaram a norma expressaram descontentamento com a decisão de recuar. Um ministro confidenciou que o caso serve como um alerta sobre a importância de se antecipar e neutralizar narrativas negativas antes da implementação de medidas com grande impacto na sociedade.