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Imigrantes brasileiros em pânico: A ameaça de deportação em massa no governo Trump

2024-11-10

Autor: Gabriel

Com a ascensão de Donald Trump ao cargo de presidente dos Estados Unidos, muitos imigrantes brasileiros estão vivendo em um clima de temor e incerteza, especialmente os que se encontram em situação irregular. Uma brasileira, que preferiu manter o anonimato, revelou: "No primeiro governo Trump, eu tinha medo de ser deportada. Não dá para sair à noite, você vive com medo de que seus vizinhos chamem a imigração. Ele vai na televisão e diz: 'Se você conhece um imigrante suspeito, denuncie'. Isso cria um clima de paranoia entre nós."

Cerca de 230 mil brasileiros estão vivendo nos EUA de forma irregular, de acordo com dados do Departamento de Segurança Interna de 2023. Estima-se que há quase 2 milhões de brasileiros no país e, entre eles, 162 mil foram interceptados tentando cruzar a fronteira entre o México e os EUA entre outubro de 2019 e setembro de 2023, fazendo do Brasil o oitavo país com maior número de imigrantes sem documentos.

Direitos fundamentais sob ameaça

Os imigrantes, mesmo aqueles com status legal, enfrentam a preocupação constante de perder direitos básicos devido às ordens executivas de Trump, que já impactaram a vida de muitos. Elen Silva, uma brasileira que migrou em 2018, expressou suas preocupações: "O que mais temo são as ordens executivas. Elas diminuem nossas chances de conseguir um green card no futuro."

Embora analistas sejam céticos quanto à viabilidade de uma política de deportação em massa — que poderia afetar até 11 milhões de pessoas — os resultados do primeiro governo Trump mostraram que 1,6 milhão de imigrantes foram deportados, um número significativamente menor que durante a administração de Barack Obama.

Fatores econômicos e sociais

A advogada Marta Mitico, presidente da Associação Brasileira de Especialistas em Migração e Mobilidade Internacional (Abemmi), afirma que as políticas de deportação são complicadas e onerosas, requerendo um engajamento que vai além das promessas de campanha. "Trump pode ser barulhento, mas na prática fez menos deportações que Obama. A economia dos EUA depende de muitos imigrantes, que ocupam postos de trabalho que os americanos não querem", explicou Mitico.

Sob um governo democrático, a abordagem pode ser menos hostil, mesmo que haja um maior número de deportações. Segundo Lucimara Rodrigues, que viveu nos EUA durante diversas administrações, "os democratas Coletam dados e não deixam que os supremacistas brancos abusem dos imigrantes. A deportação sob Trump é mais irregular e suja."

Sentimento anti-imigração e suas implicações

Com a crescente onda de sentimentos anti-imigração fomentados por Trump, muitos imigrantes brasileiros temem mudanças nas legislações que possam permitir que policiais locais abordem imigrantes sem justificativa, algo atualmente proibido. Gustavo Nicolau, advogado de imigração, alerta que a retórica agressiva de Trump pode influenciar processos judiciais e a forma como a imigração é tratada no dia a dia nos EUA.

"O clima hostil pode facilitar a deportação de imigrantes que antes passavam despercebidos. Se um imigrante comete um crime, mesmo que pequeno, isso pode acionar um alerta para a imigração", afirma. Apesar do discurso de deportação em massa, Nicolau observa que Trump também tentou aumentar o número de vistos de trabalho e humanitários durante seu primeiro mandato, indicando uma complexidade nas políticas imigratórias.

Os desafios que os imigrantes brasileiros enfrentam nos EUA continuam a crescer, e muitos se veem em um dilema: permanecer em um país que lhes promete oportunidades, mas que também pode se tornar um lugar de ameaças e insegurança.