
EUA: Nazistas Tiveram Mais Direitos do que Venezuelanos Deportados, Afirma Juíza
2025-03-24
Autor: Maria
Uma juíza da Corte de Apelação dos Estados Unidos, Patricia Millett, chocou o público durante uma audiência nesta segunda-feira (24) ao declarar que os nazistas durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) foram tratados com mais direitos e dignidade em seus processos de deportação do que os migrantes venezuelanos que foram expulsos sob o governo de Donald Trump.
Durante a sessão, a juíza Millett questionou o advogado do governo, Drew Ensign, sobre o impacto da Lei dos Inimigos Estrangeiros, uma legislação do século 18 que Trump invocou para facilitar as deportações em massa. A magistrada criticou a falta de tempo adequado concedido aos migrantes para contestar as acusações de vínculos com o Tren de Aragua, uma facção criminosa que os EUA agora classificam como uma organização terrorista. Essa comparação levanta questões sérias sobre os direitos humanos e a equidade no sistema legal.
No último dia 15, mais de 200 migrantes venezuelanos foram deportados para El Salvador, em um ato que gerou forte repercussão nas redes sociais. As imagens compartilhadas pelo presidente salvadorenho Nayib Bukele mostravam os deportados algemados e obrigados a se ajoelhar enquanto eram filmados por agentes penitenciários. Os relatos também indicam que muitos desses indivíduos foram submetidos a tratamentos desumanos, como a raspagem de cabelos e o uso de uniformes degradantes, o que intensificou as críticas sobre o tratamento dado aos deportados.
"Os nazistas tiveram um tratamento melhor sob a Lei de Inimigos Estrangeiros do que o que aconteceu aqui", afirmou Millett, provocando uma resposta imediata de Ensign, que rebateu a comparação controversa.
A Lei dos Inimigos Estrangeiros, que permite que imigrantes sejam detidos e deportados durante guerras, tem sido utilizada por Trump para justificar a expulsão de migrantes sob a alegação de que os EUA estão em conflito com facções que infiltraram o país. Historicamente, essa lei foi activada apenas em três ocasiões antes, incluindo a Primeira e Segunda Guerras Mundiais.
Com a situação atual, os advogados do ex-presidente argumentaram que a deportação já havia sido concretizada quando a medida judicial foi emitida, uma afirmação que foi criticada pelo governo de Bukele nas redes sociais. A controvérsia em torno deste tema evidencia a tensão crescente sobre imigração e os direitos humanos nos EUA.
Enquanto isso, a juíza Millett, nomeada pelo ex-presidente Barack Obama, faz parte de um painel de três magistrados que analisam a questão. As opiniões divergentes entre os juízes, incluindo Justin Walker, indicado por Trump, e Karen Henderson, nomeada por George W. Bush, têm alimentado o debate sobre as diretrizes legais em casos de deportação. O tribunal ainda não anunciou uma data para sua decisão.
É importante lembrar que muitos familiares dos deportados têm negado qualquer associação de seus entes queridos com o Tren de Aragua, levantando a questão sobre a veracidade das alegações do governo. O caso representa não apenas uma crise humanitária, mas também um teste para a democracia e os direitos humanos nos EUA.