
Emoções: como a raiva pode afetar sua saúde
2025-04-02
Autor: Maria
Como a raiva pode afetar sua saúde
"O ser humano é uma casa de hóspedes. Todos os dias chega uma nova visita, uma alegria, uma tristeza, uma decepção..." No famoso poema "A Casa de Hóspedes", o renomado poeta persa Rumi nos lembra da nossa convivência diária com emoções inesperadas. Algumas delas são intensas e desconfortáveis, mas são aliadas que nos fornecem informações valiosas.
A raiva, em particular, é uma emoção que pode nos 'dominar' e causar danos à nossa saúde, mas também pode nos oferecer clareza e motivar mudanças positivas em nossa vida.
Entender o que acontece em nosso corpo e mente quando sentimos raiva é essencial. A neurocientista Nazareth Castellanos, do Laboratório Nirakara-Lab na Universidade Complutense de Madri, explica que quando enfrentamos um conflito, o cérebro pode reagir de forma rápida e impulsiva, muitas vezes comandado pela amígdala, a parte responsável por nossas emoções mais visceral. Isso é especialmente verdadeiro quando já estamos sobrecarregados ou estressados, o que pode levar a reações exageradas.
Um estudo recente realizado por Daichi Shimbo, professor na Universidade de Columbia, nos EUA, revelou que um episódio de raiva de apenas oito minutos pode comprometer a capacidade de dilatação dos vasos sanguíneos e aumentar o risco de problemas cardiovasculares a longo prazo. A pressão arterial e a frequência cardíaca aumentam, enquanto as reações digestivas podem ser mais lentas, levando a desconfortos como inchaço e queimação estomacal.
Ainda assim, a raiva tem um papel importante. Conforme a psicóloga Dolores Mercado, ela é uma resposta emocional a situações de injustiça ou obstáculos em nossa vida. Quando canalizada de forma adequada, a raiva pode nos inspirar a agir em direção a mudanças necessárias. "A raiva é uma forma de expressar que algo não está certo e que é preciso agir", diz Mercado.
É fundamental aprender a gerenciar e expressar a raiva de maneira saudável. Ferramentas como a técnica RAIN (Reconhecer, Permitir, Investigar e Nutrir), sugerida pela psicóloga Tara Brach, ajudam a lidar com essa emoção. Reconhecer a raiva e investigar suas causas pode nos oferecer a clareza necessária para lidar com conflitos sem prejuízos.
A respiração é outra ferramenta poderosa. Durante episódios de raiva intensa, alterar o padrão respiratório pode nos ajudar a reequilibrar a mente. Praticar respirações longas e controladas estimula uma resposta mais calma e ajuda a clarear pensamentos.
Outro método interessante é o uso de mantras. A pesquisa da Universidade de Tel Aviv descobriu que repetir palavras neutras pode reduzir a atividade da amígdala, acalmando a raiva. Mantras como “mesa” ou “copo”, por sua neutralidade, funcionam para acalmar a mente e tirar o foco dos pensamentos negativos.
É igualmente importante ensinar crianças a expressar sua raiva de forma saudável. Crianças que não expressam suas frustrações podem se tornar mais suscetíveis a problemas emocionais. Os pais devem criar um ambiente em que é seguro explorar e discutir essa emoção, ajudando os pequenos a reconhecer o que provocou sua raiva e a buscar soluções pacíficas.
Por fim, é crucial lembrar que a raiva reprimida pode levar a problemas de saúde. O psiquiatra canadense Gabor Maté destaca que reprimir a raiva pode desencadear doenças. Portanto, expressar a raiva de modo controlado e construtivo é essencial para o bem-estar físico e emocional.
Em resumo, aprender a conviver com a raiva, expressá-la de forma saudável e canalizá-la para mudanças positivas não apenas melhora nossa saúde, mas também a qualidade de nossas relações e a forma como nos conectamos com o mundo.