Nação

'Emendismo' Explode as Dívidas de Prefeitos com Parlamentares: O Que Isso Significa para o Futuro Político?

2024-11-02

Autor: Matheus

A eleição de 2024 no Brasil está marcada por um fenômeno inédito: um aumento impressionante nas emendas ao orçamento federal. Durante a atual legislatura (2023-2024), deputados e senadores empenharam a exorbitante quantia de R$ 73 bilhões, em comparação a R$ 59 bilhões nos dois últimos anos da legislatura anterior. Isso resulta em um total astronômico de R$ 132 bilhões, um aumento dramático se comparado ao ciclo eleitoral anterior, quando o 'emendismo' alcançou apenas R$ 70 bilhões.

Com isso, os prefeitos que buscam a reeleição agora se veem com o dobro da dívida em relação aos seus 'padrinhos' orçamentários. E há uma certeza: essa dívida vai ser cobrada. A relação entre prefeitos e parlamentares está cada vez mais interligada, e quem não pagar essa conta verá sua administração privada de novas e valiosas emendas nos próximos anos. A regra é clara: quem emenda, recebe.

Esse fenômeno não é nenhuma novidade para os cientistas políticos, que já documentaram a relação entre o aumento das bancadas de prefeitos e o sucesso das bancadas de deputados nas eleições subsequentes. O primeiro estudo a revelar o chamado "efeito carona" no Brasil foi realizado por George Avelino e Ciro Biderman em 2012, confirmando posteriormente que partidos que elegem mais prefeitos, tendem a ter um aumento significativo nas cadeiras de deputados nas eleições seguintes.

O que esperar, portanto, da eleição municipal de 2024? Todo sinal indica que os partidos que se destacam na quantidade de prefeitos eleitos, como PSD, Republicanos, PL, PP e MDB, também se beneficiarão em termos de cadeiras na Câmara dos Deputados. Por outro lado, partidos menores estão em risco de perder ainda mais espaço no cenário político.

Esse ciclo positivo para os partidos que dominam as emendas provoca uma concentração de poder no que tem sido chamado de 'Arenão', um consórcio de partidos fisiológicos que gera um cenário de crescente dependência do governo, independentemente de quem ocupe a presidência. Essa trajetória política levanta questões cruciais sobre a governabilidade e a independência do legislativo diante das pressões partidárias.

Em um cenário onde a política brasileira se torna cada vez mais vinculada a emendas, projetos e interesses particulares, é essencial que a população esteja atenta e consciente sobre a dinâmica que molda o futuro das instituições. Esse ambiente gera urgência para um debate amplo sobre a ética e a transparência no uso de recursos públicos, especialmente em época de eleições.