Saúde

Delegado que Atirou em Mulheres Estava Afastado por Problemas de Saúde Mental

2025-01-16

Autor: Matheus

O delegado da Polícia Civil do Distrito Federal, Mikhail Rocha e Menezes, foi preso após atirar em sua esposa, Andréa Rodrigues Machado, de 40 anos, em sua empregada, Oscelina Moura Neves de Oliveira, de 45, e em uma enfermeira identificada como Priscila Pessoa. O caso, que chocou a comunidade local, trouxe à tona a grave questão da saúde mental entre policiais civis, tema levantado pelo Sindicato dos Policiais Civis do DF (Sinpol-DF).

O horrendo ataque aconteceu na manhã de quinta-feira, 16 de janeiro. Após o ato, Mikhail deixou o Condomínio Santa Mônica, em São Sebastião, em companhia de seu filho de apenas 7 anos e do cachorro da família. Câmeras de segurança filmaram a sua saída em um automóvel preto.

Testemunhas afirmam que o filho do delegado se feriu com estilhaços dos disparos. Mikhail, em seguida, buscou atendimento no Hospital Brasília, local onde entrou em desespero, pedindo atendimento prioritário para o garoto. Segundo relatórios, ele ficou tão agitado que disparou arma de fogo contra a enfermeira, atingindo-a no pescoço e no ombro. O delegado não resistiu à prisão e foi encaminhado à Corregedoria da PCDF pela Polícia Militar, a partir da QI 23 do Lago Sul.

A situação levantou um alerta muito sério sobre as condições de saúde mental que afetam os integrantes da polícia. Um estudo divulgado pelo Sinpol-DF em 2023 revelou que impressionantes 74,4% dos policiais civis relataram sintomas de depressão e ansiedade, mas apenas 42,7% deles buscaram ajuda profissional. Este é um claro sinal do estigma que envolve a procura por apoio psicológico, especialmente em profissões de alta pressão como a segurança pública.

Anualmente, cerca de 400 policiais civis são afastados de suas funções por problemas relacionados à saúde mental, segundo dados da PCDF. O presidente do Sinpol-DF, Enoque Venancio de Freitas, destaca que a sobrecarga de trabalho, além de uma remuneração defasada, tem se tornado um enorme fardo. Os policiais frequentemente recorrem ao Serviço Voluntário Gratificado (SVG) para complementar seus salários, o que acaba comprometendo ainda mais o seu tempo de descanso e saúde mental.

"A mente humana tem seus limites, e as consequências desse acúmulo de estresse são sempre catastróficas. Precisamos de ações urgentes e efetivas para acompanhar a saúde emocional dos profissionais", comentou Freitas. Ele também expressou sua solidariedade às vítimas desse trágico evento, enfatizando que a tragédia é mais um sinal alarmante sobre a crise de saúde mental que permeia as forças de segurança pública no Brasil.