Ex-Paciente Revela Terror em Hospital Psiquiátrico Após Morte de Jovem
2025-01-16
Autor: Mariana
“Lá te tratam como louco, mesmo você não tendo essa condição”, desabafa uma ex-paciente do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), localizado no Distrito Federal. Sua experiência, marcada por trauma e desespero, ganhou destaque após a morte de Raquel de Andrade, uma paciente de 24 anos, que faleceu no local em circunstâncias alarmantes.
Internada aos 20 anos devido a um grave quadro de depressão, a jovem decidiu compartilhar sua história após a tragédia que abalou a unidade. “Raquel era muito conhecida lá dentro. Fiquei em choque ao saber da sua morte, não acreditei”, relatou, preferindo não ser identificada.
A ex-paciente revelou que, mesmo consciente de seu estado emocional, foi submetida a um tratamento que não condizia com suas expectativas. “Quando eu entrei, me colocaram em uma maca e me amarraram. Eu estava com medo e simplesmente não queria ficar ali, mas não estava agindo de maneira extrema”, contou.
Ela recordou que o ambiente era hostil e que os profissionais muitas vezes não demonstravam empatia. “O enfermeiro me disse para parar de chorar e gritar, senão iriam usar uma injeção em mim”, lembrou com indignação. Quando revelou sua idade, um profissional comentou que sua internação era consequência de uma infância sem limites, o que a deixou devastada.
Durante sua estadia, a jovem também cuidou de uma paciente autista de 18 anos, ressaltando a inadequação do tratamento. “Acredito que aquele lugar não era apropriado para ela, assim como eu. Eu cuidava dela em um ambiente que precisaria de cuidados”, comentou.
Após a morte de Raquel, que ocorreu na noite de Natal, situações alarmantes vieram à tona. A paciente passou a noite amarrada e, na manhã seguinte, sofreu convulsões sem que os enfermeiros conseguissem reanimá-la. Documentos apontam que a prática de deixar pacientes amarrados é comum na unidade, com fotos mostrando hematomas na jovem falecida.
A situação se agravou com informações sobre a falta de transferência de Raquel para outra unidade de saúde quando seu estado piorou. Em vez de receber a atenção necessária, foi imobilizada sem monitoramento, o que gerou questionamentos sobre o cuidado recebido por aqueles em crise.
A Secretaria de Saúde do DF afirmou que a causa da morte de Raquel está sob investigação e que um plano de ação para reavaliação das práticas na psiquiatria está em andamento.
Esse caso expõe não apenas os horrores do tratamento psiquiátrico, mas também a necessidade urgente de reformulação nas práticas de cuidado em saúde mental no Brasil. As vozes silenciadas por traumas devem ser ouvidas, e mudanças devem ser implementadas para garantir que a saúde mental seja tratada com a dignidade e o respeito que todos merecem.