Como o ‘fator Trump’ pode Contornar a Tensão no Oriente Médio e Prevenir um Conflito Global
2025-01-21
Autor: Mariana
Em um momento crítico da história mundial, o ex-presidente Donald Trump declara que busca ser um “unificador e pacificador” no Oriente Médio, assim como prometeu em seu discurso de posse. Ele assume esse papel logo após o início de um cessar-fogo entre Israel e o Hamas, que envolve a libertação de 33 reféns israelenses e 1.900 prisioneiros palestinos.
No decorrer das negociações, a equipe de Trump colaborou com a administração de Joe Biden, além de contar com a influência de mediadores do Catar e Egito. No entanto, a nova administração deve enfrentar obstáculos significativos ao tentar garantir a implementação de um “fim permanente da guerra”, conforme descrito por Biden.
Durante seu primeiro mandato (2017-2020), Trump implementou diversas políticas favoráveis a Israel, como o reconhecimento de Jerusalém como sua capital e a mudança da embaixada americana para a cidade. O governo também adotou uma postura rígida em relação ao Irã, retirando-se de um acordo nuclear e impondo sanções severas ao país.
Entre muitos sucessos, Trump foi o responsável pelos Acordos de Abraão, que buscavam normalizar relações diplomáticas entre Israel e vários estados árabes, como os Emirados Árabes Unidos e Marrocos. Na quarta-feira (15), ele indicou a intenção de aproveitar o clima de cessar-fogo para ampliar esses acordos.
O especialista em relações internacionais, professor Danny Zahreddine, da Pontifícia Universidade Católica de Minas, ressalta que a diplomacia de Trump em seu primeiro mandato foi marcada pela sua habilidade em aproximar árabes de israelenses. Contudo, ele acredita que a nova realidade geopolítica e o governo Biden alteraram a dinâmica da influência americana na região.
O Oriente Médio é substancialmente diferente agora em comparação ao período em que Trump esteve em seu primeiro mandato. Os conflitos entre Rússia e Ucrânia, a instabilidade na Síria e a diminuição do poder dos grupos terroristas apoiados pelo Irã estão mudando o cenário. Zahreddine crê que isso levará Trump a priorizar relações mais estreitas com a Arábia Saudita e outros países do Golfo Pérsico, como uma estratégia para combater a crescente influência da China na região.
“Chineses e russos estão avançando no Oriente Médio, e isso representa um problema real para a política externa americana. A aproximação com a Arábia Saudita e a normalização das relações com Israel é uma prioridade”, afirma.
O futuro das relações entre Israel e os países árabes ainda depende diretamente das decisões do governo Netanyahu, especialmente no que diz respeito ao Estado Palestino. O recente aumento nas tensões, particularmente os ataques de 7 de outubro, complicou as negociações de normalização anteriormente esperadas.
Zahreddine acredita que estamos em um período de redistribuição de poder, onde a ação de Trump pode ser decisiva. A aceitação do cessar-fogo pelos israelenses, que se assemelha a uma proposta anterior, evidencia um novo ambiente regional que pode ser mais favorável. Essa mudança é vista também como resultado do poder político que Trump ainda detém, permitindo que ele exija ações do governo israelense.
Com um cenário internacional em constante transformação, a habilidade do novo governo americano de estabilizar as tensões no Oriente Médio será crucial para evitar uma escalada que possa levar a um conflito global.