O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) enfrenta processos no Supremo Tribunal Federal (STF) e foi tornado inelegível até 2030 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas continua otimista sobre o futuro. Ele acredita que pode reverter sua situação jurídica delicada e concorrer à Presidência da República em 2026.

Em uma entrevista exclusiva ao jornal O Globo, Bolsonaro negou quaisquer intenções de golpe de Estado durante seu mandato e se mostrou mais preocupado com quem irá julgá-lo do que com o próprio julgamento. Ele afirmou: "Uma prisão de um ex-presidente tem uma repercussão no mundo todo. Jair Bolsonaro preso. Preso por quê? É óbvio que tem que ter uma causa justa. Tem que aplicar a lei".

O ex-presidente se referiu aos acontecimentos de 8 de janeiro de 2023, quando houve uma invasão à sede dos Três Poderes em Brasília e afirmou que, se estivesse no Brasil naquela data, provavelmente teria sido culpado pela situação. No entanto, ele afirmou que tudo foi arquitetado pela esquerda, fazendo um paralelo com o ataque ao Capitólio nos Estados Unidos.

Bolsonaro se defendeu em relação a um documento conhecido como "minuta do golpe", que supostamente teria sido elaborado durante seu governo. Ele destacou que sempre se opôs a qualquer ruptura institucional e pediu provas da existência desse documento, questionando: "Onde está esse documento? Como é que começa o estado de sítio?". Afirmou ainda que o Congresso Nacional é fundamental para qualquer decreto de estado de sítio, e que discutir tal questão não é crime.

"O Congresso é o caminho para quase tudo. O poder mais importante é o Legislativo. Ninguém votou em pessoal do Supremo, mas sim no Congresso", disse ele, reforçando sua fé no legislativo como a principal via para recuperar a elegibilidade e talvez até mesmo uma anistia para os envolvidos nos eventos de janeiro.

Outro ponto polêmico foi a apreensão de seu passaporte por parte do STF. O ministro Alexandre de Moraes determinou essa medida como parte das investigações sobre a participação de Bolsonaro nas tentativas de golpe. Recentemente, a Primeira Turma do STF decidiu manter a retenção do passaporte e restringir qualquer forma de comunicação entre ele e outros investigados.

Além disso, Bolsonaro comentou sobre a possibilidade de ser convidado para a posse do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, em janeiro de 2025, dizendo estar preparado para solicitar autorização ao STF para viajar. Ele está otimista em relação à vitória de Trump, a qual considera uma boa notícia para o mundo: "Nós defendemos a liberdade econômica. Se o Brasil quer ter menos problemas no mundo, deve seguir um pouco a linha americana".

Por fim, ao ser questionado sobre o futurista político Pablo Marçal, que pretende disputar a Presidência, Bolsonaro ressaltou que não há espaço para todos no PL, mas destacou: "A direita não tem donos, tem líderes". O clima político está aquecido, e a luta pela reeleição em 2026 promete ser intensa.