Aumento alarmante de agressões contra pessoas LGBTQIAP+ no Rio de Janeiro
2024-11-07
Autor: Julia
Um novo relatório alarmante revela que o número de atendimentos médicos a pessoas LGBTQIAP+ vítimas de agressões aumentou nas unidades de saúde do Rio de Janeiro. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a maioria das vítimas atendidas são, de fato, agredidas fisicamente.
Entre janeiro e outubro de 2023, foram registrados 451 atendimentos médicos a vítimas de violência motivada por identidade de gênero ou orientação sexual, um aumento de 3,6% em comparação ao mesmo período do ano anterior, que contabilizou 435 casos. Essa tendência crescente levanta preocupações sobre a segurança da comunidade LGBTQIAP+ na cidade.
Adicionalmente, mais de 140 notificações foram especificamente relacionadas a casos de transfobia, evidenciando a discriminação e o ódio direcionados a pessoas trans, com as mulheres trans sendo as mais afetadas. Um caso notório é o de Ágatha Taringa, uma cabeleireira que, em 2021, sofreu uma brutal agressão na Estação Deodoro, resultando em graves ferimentos, incluindo a fratura da arcada dentária.
"Eu seguia para o trabalho e peguei o trem em direção à Central do Brasil. Ao chegar na estação, um grupo de agressores me atacou com ofensas transfóbicas. Quando reagi, imediatamente começaram os socos e os chutes," relembra Ágatha, que, temendo represálias, não fez boletim de ocorrência.
Desde 2014, os dados sobre essas agressões estão sendo registrados no Sistema de Informações de Agravos de Notificações Compulsórias (Sinan). O projeto Grupo Pela Vida, localizado no centro do Rio, tem se dedicado ao acolhimento e fornecimento de suporte psicológico, social e jurídico a vítimas de violência.
Maria Eduarda Aguiar da Silva, advogada e coordenadora jurídica do programa, afirma: "Os dados do Sinan permitem um mapeamento que possibilita cruzar dados locais com os do Ministério dos Direitos Humanos, resultando em um relatório que contribui para a elaboração de políticas públicas eficazes no combate à violência contra a comunidade LGBTQIAP+."
Hoje, Ágatha Taringa desempenha um papel ativo como assessora do programa, ajudando a acolher e direcionar outras pessoas que passaram por situações semelhantes de violência e preconceito. "É um círculo de acolhimento e esperança, onde ajudamos meninas que, assim como eu, sofreram agressões. Eu fui acolhida aqui e agora estou pronta para oferecer o mesmo apoio a outras vítimas,” conclui Ágatha, que continua a lutar pela visibilidade e segurança da comunidade LGBTQIAP+.