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Ativistas jogam sopa em quadros de Van Gogh em Londres em protesto contra prisões, e o que isso significa para o futuro dos movimentos climáticos?

2024-09-27

Em um ato de protesto ousado, dois quadros da famosa série de girassóis do artista Vincent van Gogh foram atacados com sopa na National Gallery em Londres nesta sexta-feira (27). Três ativistas do grupo Just Stop Oil puseram em cena a indignação sobre as recentes condenações judiciais de duas ativistas que, em 2022, também lançaram sopa em uma das obras do mestre impressionista.

Phoebe Plummer, de 23 anos, e Anna Holland, de 22, foram julgadas e condenadas por danos criminais após jogarem sopa de tomate Heinz na pintura "Girassóis", em um evento que buscava chamar a atenção para a crise climática e a insistência em novos projetos de petróleo e gás no Reino Unido. O ato de 2022 culminou em suas prisões, e as duas destemidas jovens foram sentenciadas a dois e 20 meses de prisão, respectivamente.

Ainda que os promotores relatem danos de até 10 mil libras (cerca de R$ 73 mil) à moldura da obra — que estava protegida por um vidro e não sofreu danos —, o impacto da ação vai muito além das consequências materiais. O juiz Christopher Hehir frisou que Plummer e Holland se aproximaram de um ato que poderia danificar uma obra de arte considerada "provavelmente de valor inestimável". O que leva à pergunta: até onde os ativistas estão dispostos a ir para propagar sua mensagem?

Durante o julgamento, Plummer se declarou inocente, afirmando que estava ciente da possibilidade de ser presa. "Escolhi interromper pacificamente um sistema de negócios que é injusto, desonesto e assassino", declarou, em relação aos níveis crescentes de emissões de carbono que alimentam a crise climática, tema central do Just Stop Oil.

A condenação aumenta a pressão sobre os ativistas, em um momento onde o Reino Unido enfrenta uma repressão mais ampla sobre protestos climáticos. Os eventos de ativismo nos últimos anos têm gerado reações adversas, incluindo críticas à interrupção de eventos esportivos e ao tráfego nas ruas, levando o movimento a um ponto de tensão com o governo e as autoridades.

Em um panorama mais amplo, o que essas ações e punições significam para o futuro dos movimentos climáticos? A luta por justiça ambiental está se transformando em um campo de batalha jurídico e social, onde a linha entre protesto pacífico e crimes está cada vez mais nebulosa.

Com a comunidade internacional observando, as ações de Plummer e Holland aumentam a urgência sobre o debate climático e levantam questões sobre a moralidade e a eficácia das estratégias de protesto em um mundo onde a inação pode levar a consequências catastróficas.