
Ameaça Silenciosa: Bactérias Resistentes a Antibióticos Encontradas em Aves no Litoral Paulista
2025-09-06
Autor: Maria
Pesquisadores Revelam Surpreendente Descoberta no Orquidário Municipal de Santos
Uma equipe de cientistas, apoiada pela FAPESP, fez uma descoberta alarmante no litoral de São Paulo: clones de bactérias resistentes a antibióticos foram encontrados em aves no Orquidário Municipal de Santos. O estudo, publicado na revista Veterinary Research Communications, destacou a identificação de cepas de Escherichia coli, presentes no intestino de um urubu e de uma coruja.
Essas cepas não são novidade; já foram associadas a infecções hospitalares ao redor do mundo, e seu potencial de causar problemas de saúde é alarmante, especialmente em pessoas com o sistema imune debilitado. Fábio Sellera, professor da Universidade Metropolitana de Santos, alerta: "Bactérias como essa podem ser fatais quando entram na corrente sanguínea ou causam infecções urinárias".
Sinais de Alerta na Reabilitação da Fauna
Embora não tenham sido registrados sinais clínicos nos animais analisados, os pesquisadores destacam a urgência em estabelecer protocolos adequados de manejo em centros de reabilitação. Isso é crucial antes de devolver as aves à natureza, considerando a capacidade dessas bactérias de se espalharem.
As evidências mostram que os genes de resistência podem ser transferidos entre bactérias, o que significa que microrganismos sem contato prévio com antibióticos podem se tornar resistentes rapidamente.
Centros de Reabilitação: Fronteiras de Vigilância Epidemiológica
Esses centros têm um papel vital não apenas na recuperação da fauna, mas também na vigilância de patógenos. Sellera enfatiza que, embora a importância das reabilitações seja notória, não existem protocolos comprovados globalmente para monitorar a presença de microrganismos resistentes em animais reintroduzidos.
No levantamento realizado, 49 animais silvestres foram analisados. O urubu encontrado já estava colonizado e infelizmente foi eutanasiado devido a fraturas graves. Já a coruja, residente no centro por 10 anos após uma colisão, pode ter adquirido a bactéria durante seu tratamento com antibióticos.
Estratégias Exemplares e Mobilização Global Necessária
Os pesquisadores defenderam que centros de reabilitação podem agir como bolsas de informação sobre a saúde da fauna e, por consequência, da humanidade. O Projeto Cetáceos da Costa Branca, no Rio Grande do Norte, é um brilhante exemplo, realizando testagens em espécies como o peixe-boi, buscando descolonizar patógenos antes da devolução ao habitat natural.
Sellera conclui que a implementação de testes na admissão, isolamento de indivíduos colonizados e uso de probióticos para descolonização são passos cruciais na luta contra a disseminação de bactérias resistentes. "Uma mobilização global e investimentos em vigilância são essenciais para criar protocolos de segurança eficientes", destaca.