Saúde

A 'Síndrome do Final de Ano': Entenda por que os Níveis de Depressão e Ansiedade Disparam na Virada do Ano e Como Lidar com Isso

2024-12-30

Autor: Carolina

Você já se sentiu ansioso ou depressivo perto do Ano Novo? Se sim, você não está sozinho. De acordo com especialistas, dezembro é um dos meses mais críticos em relação ao bem-estar mental. O fenômeno conhecido como 'Síndrome do Final de Ano', que muitos médicos se referem como 'dezembrite', é um período em que as crises de ansiedade e depressão são intensificadas, atingindo tanto novos pacientes quanto aqueles já diagnosticados.

As razões para esse aumento emocional são diversas. Para muitos, a virada do ano é um momento de reflexão sobre o que aconteceu nos últimos 12 meses. Se o ano foi repleto de dificuldades, como perda de entes queridos, separações, problemas financeiros ou doenças, isso pode reabrir feridas e trazer à tona sentimentos de frustração e tristeza. O psiquiatra Arthur Danila, especialista em saúde mental, explica que essa fase de autoavaliação é semelhante a uma limpeza na casa: a poeira acumulada ao longo do ano volta à tona.

Além disso, as redes sociais desempenham um papel crucial nesse cenário. Os usuários costumam compartilhar os melhores momentos das suas vidas, criando uma ilusão de felicidade que pode frustrar aqueles que enfrentam dificuldades. Essa comparação pode causar crises de ansiedade em pessoas que não tiveram um ano tão positivo. Como destaca Danila: 'As pessoas comparam suas dores às alegrias exibidas por outros e essa discrepância gera angústia.'

Os encontros familiares também podem ser um gatilho. Para aqueles que possuem relações difíceis com familiares, a pressão de passar tempo com pessoas complicadas pode ressuscitar mágoas e sentimentos desagradáveis. A psiquiatra Camila Magalhães alerta: 'Ser compelido a interagir com quem não se gostaria, em um ambiente que exige felicidade, pode ser muito doloroso.'

Os profissionais de saúde mental concordam que pessoas já diagnosticadas com problemas como depressão e ansiedade formam um grupo de risco nesse período, devido à maior possibilidade de recaídas. O estado emocional geral, exacerbado pela festividade de fim de ano e pelo consumo excessivo de álcool, pode dificultar o acesso às emoções de forma saudável, resultando em tristeza profunda e insônia acentuada.

Prevenção e O que Fazer

Para lidar com a 'Síndrome do Final de Ano', especialistas sugerem algumas estratégias. A psicóloga Renata Rivetti enfatiza a importância de desmistificar a ideia de que o Ano Novo deve ser um período de felicidade extrema. É crucial aceitar que altos e baixos são parte da condição humana e que a busca incessante por felicidade pode ser prejudicial.

Ela também ressalta que a comparação nas redes sociais deve ser vista com cautela e, se possível, evitada. Em vez de estabelecer metas impossíveis para o novo ano, o foco deve estar no autocuidado e na celebração das pequenas conquistas feitas ao longo do tempo. Uma mudança de hábitos e a construção de uma rotina saudável pode ser uma forma eficaz de enfrentar a pressão do final do ano.

Incorporar exercícios físicos, uma alimentação equilibrada e momentos de lazer à rotina pode ajudar na saúde mental. Além disso, é essencial reconhecer e não minimizar os sentimentos que surgem. Se o ano foi difícil, aceitar isso é um passo importante para encontrar um caminho à frente sem as armadilhas da idealização da felicidade.

Por fim, Camila Magalhães destaca a importância da autoanálise: 'Pergunte a si mesmo: Que tipo de ambiente eu quero estar durante esse período? Isso me faz bem?' O ano novo não deve ser uma obrigação de se sentir feliz, mas sim uma oportunidade de compreensão e crescimento pessoal.

Prepare-se para a virada do ano com consciência e sabedoria, procure apoio se necessário, e lembre-se: tudo bem não se sentir bem durante as festividades!