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Macron Admitindo: Eleições Antecipadas Trouxeram Mais Instabilidade à França

2024-12-31

Autor: Gabriel

O presidente francês, Emmanuel Macron, finalmente fez um mea-culpa em relação à sua decisão de antecipar as eleições parlamentares para junho. Neste discurso impactante transmitido na TV na última terça-feira (31), Macron reconheceu que essa medida resultou em uma maior instabilidade política no país.

"A lucidez e a humildade me obrigam a reconhecer que, neste momento, essa decisão produziu mais instabilidade do que paz. E eu reconheço isso plenamente", declarou o presidente. Ele continuou a dizer que a dissolução da Assembleia Nacional gerou mais divisões do que soluções para os desafios enfrentados pelos cidadãos franceses.

Essa decisão de dissolver a Assembleia foi impulsionada pelo fraco desempenho de seu partido nas eleições do Parlamento Europeu, levando Macron a justificar a ação como uma forma de "esclarecer" a situação política na França.

Macron também ressaltou que os franceses precisarão se posicionar sobre questões cruciais em 2025. Ele sugeriu que poderá haver consultas ou referendos para resolver impasses políticos, afirmando que "a esperança, a prosperidade e a paz do próximo quarto de século dependem das nossas escolhas de hoje".

Surpreendentemente, ele pediu aos europeus que abandonem a "ingenuidade", especialmente em áreas como comércio e agricultura. Embora não tenha mencionado diretamente, seu discurso reflete sua crítica ao recente acordo entre Mercosul e União Europeia, que ele considera prejudicial para os agricultores franceses. Aproveitando o ensejo, Macron pediu que os países europeus dissessem "não às leis comerciais impostas por outros".

Vale ressaltar que após 25 anos de negociações, o acordo de livre-comércio entre Mercosul e UE foi concluído em dezembro, criando um mercado colossal para mais de 700 milhões de pessoas. Contudo, agora, esse pacto precisa ser ratificado pelos países que o compõem.

2024 foi um ano tumultuado para Macron. Sua decisão de dissolver o Legislativo em junho, impulsionada pelos ganhos da ultradireita, acabou não produzindo a nova maioria que esperava. Em vez disso, as eleições deixaram o Parlamento fragmentado em três blocos: esquerda, centro-direita e ultradireita.

Adicionalmente, em 4 de dezembro, a crise política na França se aprofundou, resultando na ausência de um primeiro-ministro apenas 90 dias após a nomeação de Michel Barnier. A moção de censura aprovada pelas extremidades da Assembleia Nacional ilustra a crescente polarização e o caos político que caracteriza o cenário francês atualmente.