A Sepse: O Inimigo Silencioso que Ameaça Vidas nas UTIs
2024-11-16
Autor: Julia
Quando um familiar precisa ser internado em uma UTI, um sentimento avassalador de medo e preocupação toma conta. Um dos maiores temores é a possibilidade do paciente desenvolver septicemia, uma condição potencialmente fatal resultante de uma infecção que pode se espalhar rapidamente. Conhecida também como sepse, essa doença é uma emergência médica que ocorre quando o corpo reage de forma extrema a uma infecção, levando a uma resposta inflamatória em todo o organismo, que pode resultar em falência de múltiplos órgãos.
No Brasil, a sepse é a principal causa de morte em UTIs, com cerca de 240 mil óbitos anuais. Para combater essa grave situação, foi criada a iniciativa Jornada Sepse Zero, que visa treinar médicos e profissionais de saúde para identificar e tratar a sepse a tempo. A cardiologista e intensivista Ludhmila Hajjar, à frente do projeto, afirma: “Intervir rapidamente é essencial. Cada momento conta.” A chamada “hora de ouro” é fundamental, referindo-se aos primeiros sessenta minutos após a identificação dos sintomas, como confusão mental, aumento da frequência cardíaca e queda da pressão arterial.
Infelizmente, estudos revelam que apenas 65% dos médicos conseguem administrar o tratamento adequado prontamente, e muitos se sentem inseguro sobre suas habilidades para lidar com essas situações. Enquanto países como Austrália e Reino Unido têm taxas de mortalidade por sepse de 15% a 20%, o Brasil enfrenta uma taxa alarmante de 60% de mortalidade. "O que eles fizeram foi investir na formação contínua das equipes e na criação de uma estrutura adequada para o atendimento", comenta Leandro Taniguchi, médico da UTI do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Entretanto, é importante esclarecer que a internação em si não é o principal fator de risco para o desenvolvimento da sepse. De acordo com Hajjar, “setenta por cento dos pacientes hospitalizados sobrevivem”. Portanto, o foco deve ser na implementação de padrões rigorosos de monitoramento e na utilização de tecnologia, como inteligência artificial, para prever exacerbações inflamatórias que podem preceder a sepse.
Além disso, a conscientização da população é crucial, pois muitas infecções que podem levar à sepse têm origem no trato urinário, respiratório ou intestinal e, em muitos casos, são negligenciadas ou tratadas incorretamente. O uso inadequado de antibióticos sem receita médica está alimentando o problema da resistência antimicrobiana, que também impacta na sepse.
A Jornada Sepse Zero espera ver resultados positivos em até um ano e, com isso, transformar o medo da sepse em um problema do passado. É um esforço coletivo que envolve desde a educação dos profissionais de saúde até a conscientização da população sobre a importância de buscar atendimento adequado para infecções. Ao fortalecer esta rede de cuidados, poderemos salvar vidas e diminuir as taxas alarmantes de mortalidade causada por septicemia nas UTIs.