
Brasil opta por não retaliar EUA e avança em acordos internacionais
2025-04-07
Autor: Julia
Após os recentes episódios de tensão com os Estados Unidos, o governo brasileiro anunciou que não realizará retaliações imediatas. Em uma estratégia de resposta, o Brasil irá reintroduzir o visto para turistas americanos a partir do dia 10 de abril. Esta medida é vista como um gesto simbólico de contrapartida às ações do governo Trump, reforçando a posição do Brasil em defesa de sua soberania.
O governo brasileiro entendeu que retaliar produtos ou serviços americanos seria um passo que só seria considerado se negociações futuras resultassem em impasses. Evitar uma guerra comercial é uma prioridade, especialmente na perspectiva de que a oposição interna poderia explorar a crise para desestabilizar o governo.
Nesse contexto, o governo vem trabalhando em três frentes principais. Primeiro, tem procurado apoio legislativo para implementar leis que permitam medidas de retaliação futuras, o que deve ser concretizado em breve com a promulgação de novas leis. Em segundo, a administração tem mostrado que ações unilaterais poderão impactar diversas regiões do Brasil, como o Sudeste com seus produtos, o Sul com a madeira, e o Nordeste com o etanol. Um ataque à agricultura teria consequências significativas na região Centro-Oeste, onde reside uma parte expressiva do eleitorado bolsonarista.
Por último, o governo está mirando uma negociação com os EUA, reconhecendo que a relação com Trump é crucial para os desafios políticos internos do Brasil, especialmente com as eleições de 2026 se aproximando.
Na busca por novas alianças comerciais, a administração brasileira está focada em acelerar acordos já existentes. Um dos objetivos é consolidar o acordo entre Mercosul e União Europeia; espera-se que a ratificação seja anunciada em uma cúpula no final do ano, especialmente levando em conta a crise atual entre a Europa e os EUA, que pode favorecer a aceitação do acordo.
Além disso, o governo brasileiro está se preparando para um possível anúncio de um acordo comercial com os Emirados Árabes Unidos, um passo estratégico nas suas relações com o mundo árabe.
O foco nas relações com a Ásia também é uma prioridade. O presidente Lula pretende visitar a China novamente em 2025, sinalizando um esforço para expandir os laços com países asiáticos. E os planos incluem aumentar a cooperação com o bloco ASEAN, além de considerar acordos comerciais com Japão e Vietnã.
Os laços comerciais com o Canadá e o México também não estão sendo esquecidos. O governo canadense já demonstrou interesse em diversificar seus laços comerciais devido às tarifas impostas por Trump. As perspectivas de um encontro entre os líderes do Mercosul e do Canadá indicam uma potencial aceleração nas negociações.
Por fim, o Brasil espera que a atual ofensiva dos EUA possa levar a América Latina a reorganizar suas prioridades comerciais, buscando alternativas que possam reforçar as relações regionalmente. A crise com os Estados Unidos pode ser uma oportunidade para esses países se unirem e fortalecerem suas economias. Apesar dos desafios, a expectativa é que o Brasil utilize sua presidência do Brics em 2025 para promover um multilateralismo mais robusto e defender instituições globais ameaçadas.