A Crise do Café no Brasil: Como o Clima Está Transformando o Mercado Global
2025-01-21
Autor: João
Prepare-se, amantes do café! O preço do seu querido grão está prestes a disparar não só no Brasil, mas em todo o mundo. A razão? O clima caótico que destroi os cafezais brasileiros, o maior produtor e exportador de café do planeta.
Em Caconde, no interior de São Paulo, a história da família de Donizetti Rossetto retrata a luta diária dos agricultores. Após um incêndio devastador que queimou cinco hectares de suas plantações, ele se vê diante de um futuro sombrio. Essa perda representa um terço de sua produção anual. "Não só perdemos na colheita deste ano, mas também no futuro, pois levará de três a quatro anos para que essa terra retome a produção", lamenta Donizetti em meio aos restos ressequidos de suas plantações.
As mudanças no clima têm sido drásticas nos últimos cinco anos: Secas prolongadas e temperaturas extremas se tornaram a nova realidade. "Quando chega a época da floração, o café não tem água e não resiste", desabafa o caféicultor.
Em 2024, o Brasil registrou seu ano mais quente desde 1961, e a quantidade de incêndios florestais alcançou um número recorde, a maioria originada por atividade humana e exacerbada pela seca. A ciência aponta para o aquecimento global como o vilão por trás desses fenômenos.
Além do Brasil, o impacto é sentido globalmente. Com uma produção esperada de 55 milhões de sacas de café em 2024, o Brasil não apenas dita as regras, mas também os preços internacionais. O preço da libra de Arábica alcançou seu nível mais alto desde 1977, subindo impressionantes 90% em menos de um ano, cotada a US$ 3,48 na Bolsa de Nova York.
"Trabalho no setor há 35 anos e nunca vi uma situação tão desafiadora", afirma Guy Carvalho, um renomado cafeicultor e consultor do setor. A pressão sobre os agricultores aumenta. Com quatro safras decepcionantes entre 2021 e 2024, os agricultores temem que 2025 traga mais frustrações.
Em adição a isso, fatores geopolíticos, como as promessas de tarifas comerciais de Donald Trump e novas regulamentações contra desmatamento na Europa, complicam ainda mais o cenário.
No meio dessa turbulência, alguns cafeicultores estão se adaptando e buscando soluções sustentáveis. Em Divinolândia, próximo a Caconde, Sérgio Lange utiliza métodos antigos, como plantar café sob a sombra de árvores, uma técnica que remete às suas origens africanas. "Com o clima atual, esse modelo de produção precisa mudar rapidamente", observa Lange.
Cultivar café à sombra oferece resistência ao calor e resulta em grãos maiores e mais doces, altamente valorizados no mercado. Desde 2022, Lange implementa um modelo de ‘cafeicultura regenerativa’ junto com outros produtores, promovendo a coexistência com diversas espécies e técnicas sem agrotóxicos.
"A produção pode cair inicialmente, mas esperamos resultados surpreendentes em quatro ou cinco anos", conclui. Para Lange, a sustentabilidade não é apenas uma tendência: "é deixar este lugar melhor para meus filhos do que o encontrei". Portanto, além de saborear seu café preferido, que tal também se tornar um defensor da sustentabilidade? O futuro do nosso café depende disso!