Ciência

Universidades: O Que Ninguém Está Te Contando Sobre as Críticas Simplistas

2025-01-21

Autor: Fernanda

As Universidades Federais são um dos maiores patrimônios da nação brasileira, desempenhando um papel crucial na formação de profissionais e no avanço da ciência. Contudo, essas instituições, que deveriam ser celebradas, frequentemente se tornam alvos de críticas simplistas que, embora necessárias, carecem de responsabilidade e análise criteriosa.

Recentemente, um artigo em um jornal digital apontou que as 'graduações das Universidades Federais formam apenas 1,26 aluno por professor por ano'. Essa afirmação suscita importantes questionamentos sobre a forma como avaliamos a eficácia do ensino superior no Brasil.

O que há de errado com o indicador "Aluno Formado por Professor"?

Os indicadores são ferramentas valiosas para compreender fenômenos complexos, no entanto, devem ser utilizados com critério e embasamento. Segundo Paulo de Martino Januzzi, é fundamental que os indicadores reflitam conceitos abstratos de maneira precisa. O mencionado indicador falha ao conectar de forma simplista a quantidade de professores com a de alunos formados, desconsiderando a diversidade de funções que esses profissionais desempenham, que incluem ensino, pesquisa, extensão e gestão.

Melhorar esse índice à custa da qualidade acadêmica, por meio de cursos com menor duração, não é uma solução viável. Instituições como o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) e a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) já adotam medidas mais relevantes, monitorando a relação aluno-professor, que realmente reflete o impacto educacional.

Outro ponto crucial é o contexto do desempenho acadêmico. Por exemplo, nos cursos de Medicina, a Universidade Federal de Goiás (UFG) apresenta um corpo docente altamente capacitado e práticas clínicas rigorosas. Apesar do índice de 1,24, um valor abaixo da média, isso não reflete a qualidade da formação médica ali oferecida.

Quando olhamos para o cenário internacional, a média da relação aluno-professor na Educação Superior na OCDE é de 15,6, enquanto no Brasil é de 25,7. Esse dado, à primeira vista, poderia sugerir maior eficiência, mas estudos demonstram que uma maior proporção de estudantes por professor pode comprometer a qualidade do aprendizado, principalmente em cursos a distância.

Além disso, o artigo levanta a suposta baixa geração de valor econômico e social pela pós-graduação no Brasil. Entretanto, essa crítica desconsidera as significativas contribuições da ciência em setores como saúde e agricultura. Através da pesquisa pública, o Brasil se destacou em descobertas fundamentais, como no desenvolvimento de vacinas e na exploração de recursos naturais.

É vital que olhemos para os desafios reais enfrentados pelas universidades públicas, como a evasão e a gestão, que são questões multifatoriais. A evasão exige políticas públicas efetivas e mais robustas, voltadas para a assistência estudantil. Já a gestão, muitas vezes criticada, pode melhorar através de maior profissionalização e transparência nas ações.

Assim, medir o desempenho das Universidades Federais apenas pela quantidade de alunos formados é uma simplificação que ignora a relevância dessas instituições no progresso científico, na formação cidadã e no desenvolvimento do país. Elas não são meramente centros de ensino, mas também verdadeiros motores de inovação e bem-estar social. As críticas são bem-vindas, desde que fundamentadas e respeitosas em relação à importância dessas instituições na sociedade.