A frase "Don't California my Texas" (traduzida como "não transforme o meu Texas em uma Califórnia") vem ganhando espaço como um bordão político nos Estados Unidos, simbolizando a crescente rivalidade entre esses dois estados importantes. A disputa se intensificou com a migração de empresas de tecnologia da Califórnia para o Texas, evidenciada pelo recente anúncio de Mark Zuckerberg, CEO da Meta, que revelou a transferência de parte de seus funcionários para o estado texano.

Esta mudança não é acidental. Enquanto a Califórnia é vista como um bastião progressista, o Texas se firmou como um estado conservador. O contraste é palpável nos direitos e legislações: a Califórnia protege o direito ao aborto, enquanto o Texas o proíbe. A regulamentação sobre armas é muito mais rigorosa na Califórnia, com restrições severas, enquanto o Texas é conhecido por um fácil acesso ao porte de armas. Além disso, a Califórnia planeja proibir veículos movidos a gasolina até 2035, ao passo que o Texas desencoraja investimentos em tecnologias sustentáveis.

Com o histórico de vitórias nas eleições presidenciais, a Califórnia não elege um candidato republicano desde 1992, enquanto o Texas manteve a tendência republicana desde 1980. No entanto, uma pesquisa do YouGov, encomendado pelo Los Angeles Times, revela que as diferenças culturais entre os dois estados podem não ser tão drásticas quanto aparentam. O estudo, divulgado em 2023, mostrou que uma parcela significativa da população se identifica como moderada: 32% na Califórnia e 31% no Texas.

Não apenas nas questões políticas mais abrangentes, como aborto e casamento entre pessoas do mesmo sexo, os pontos de vista são mais alinhados do que divergentes. No entanto, ao analisar a população branca, as diferenças se acentuam, onde 58% dos brancos californianos apoiam o direito ao aborto, enquanto 52% dos brancos texanos se opõem.

A análise demográfica sugere que, apesar de essas prioridades políticas refletem uma parte da população, existem nuances significativas nas questões que moldam as decisões eleitorais. Por exemplo, a Califórnia possui uma população hispânica predominante (39,4%) em comparação com 39,7% de brancos no Texas. Esses fatores demográficos desempenham um papel crítico na formação do eleitorado em ambos os estados.

A migração de gigantes tecnológicos para o Texas, como Elon Musk com sua empresa Space X e outras empresas como Apple e Google, revela uma busca por melhores condições econômicas e fiscais. Essas companhias estão atrás de menores regulamentações e impostos, enquanto Zuckerberg busca um ambiente menos influenciado pelo viés político.

O resultado das eleições de Donald Trump indicou um movimento de eleitores californianos em áreas rurais em direção ao partido republicano, com condados de menor densidade populacional mudando de partido. No Texas, cidades grandes como Austin e Dallas votaram majoritariamente nos democratas, mas áreas fronteiriças historicamente democratas também apresentaram uma mudança para Trump.

Esse articulação entre ações corporativas e decisões eleitorais reflete a luta mais ampla entre o conservadorismo texano e o progressismo californiano, levantando questões sobre o futuro político e econômico de ambos os estados. O que mais está por vir nessa polarização?