'Você usa vape?': A nova pergunta rotineira dos médicos brasileiros!
2024-11-05
Autor: Fernanda
O uso de vapes e cigarros eletrônicos no Brasil tem apresentado um crescimento alarmante. De acordo com dados do Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica), em 2024 o consumo desses dispositivos aumentou incríveis 600% nos últimos seis anos, com quase 3 milhões de adultos ouvindo sobre a questão do uso. Essa mudança na rotina dos jovens brasileiros é preocupante para especialistas da saúde.
Infelizmente, o Ministério da Saúde ainda não possui um mapeamento oficial que demonstre o verdadeiro impacto do uso de dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs) na saúde pública.
Os especialistas apontam algumas razões para essa lacuna. Primeiramente, a avaliação do uso desses dispositivos não é feita de forma sistemática nas consultas médicas. Além disso, a falta de uma CID (Classificação Internacional de Doenças) específica limita o registro e acompanhamento desses usuários nos hospitais.
O Ministério da Saúde já se posicionou a favor da regulamentação da Anvisa, defendendo a proibição da comercialização, propaganda e importação dos produtos de vape. Em parceria com o Inca, a pasta implementou diversas ações voltadas para a conscientização sobre os riscos do tabagismo, incluindo formações para profissionais de saúde e campanhas de sensibilização sobre os danos causados pelas substâncias presentes nos vapes.
Histórias de pacientes com sérios problemas respiratórios têm se tornado cada vez mais comuns. A pneumologista Telma Antunes, atuando no Hospital Israelita Albert Einstein em São Paulo, relatou um caso alarmante de um jovem que consumiu 15 mil puffs de vape em apenas cinco dias, o que equivale ao consumo de 40 maços de cigarro tradicional. O paciente enfrentou complicações graves, como falta de ar e insuficiência respiratória, necessitando de tratamento intensivo. Após três meses, ele conseguiu recuperar sua saúde e agora até faz campanhas contra o uso do vape.
Outros médicos, como Ciro Kirchenchtejn, têm observado casos de EVALI — uma doença associada ao uso de vapes — em jovens adultos. Os sintomas incluem pneumonia e febre, com características similares a diversas infecções respiratórias, complicando o diagnóstico. Sem uma classificação específica, muitos jovens podem estar em risco sem saber.
Cynthia Saad, pneumologista com vasta experiência, destaca o aumento de pacientes adolescentes que buscam tratamento devido a problemas respiratórios relacionados ao uso de vapes. Para muitos jovens, o vape carrega uma percepção glamourosa que está se tornando parte da cultura jovem. Além disso, há uma crescente preocupação sobre o efeito do fumo passivo em ambientes onde vapes são usados.
Os médicos têm incorporado a pergunta "Você usa cigarro eletrônico?" na anamnese durante as consultas. Porém, muitos pacientes ainda não reconhecem os danos potenciais do vape e frequentemente não relatam seu uso.
É importante ressaltar que o vapor dos vapes não é composto apenas de água. O aerosol é prejudicial à saúde, contendo substâncias tóxicas e cancerígenas que podem desencadear processos inflamatórios, além de estarem relacionadas a doenças cardiovasculares. Algumas evidências sugerem que o uso de vapes pode ser uma porta de entrada para o tabagismo convencional, aumentando o risco de dependência devido à presença de nicotina.
Medida de segurança é crucial, já que relatos de explosões de baterias de dispositivos de vape têm sido noticiados, resultando em queimaduras graves e lesões.
Portanto, a crescente popularidade dos vapes entre os jovens exige atenção imediata. É vital que todos os envolvidos na saúde pública unam esforços para prevenir o que muitos especialistas chamam de 'nova geração de pneumopatas'. O diálogo aberto sobre os riscos e danos causados pelo uso de vapes e a educação sobre os perigos associados a esses dispositivos são passos fundamentais para proteger a saúde das futuras gerações.