Defesa reconhece importância da confissão

A defesa de Ronnie Lessa, ex-policial militar acusado de ser um dos responsáveis pelas mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, fez uma sustentação oral impactante no julgamento que ocorre no Rio de Janeiro. O advogado Saulo Carvalho reconheceu a relevância da confissão do réu e pediu uma condenação justa, reforçando que Lessa não tinha confiança nas autoridades locais.

"Ronnie tinha o desejo de falar, mas preferia não expor suas informações antes por desconfiança; a articulação da Polícia Federal lhe ofereceu a segurança necessária para isso", explicou Carvalho, acrescentando que a confissão foi crucial para o avanço do processo.

Contexto da confissão

Carvalho destacou que o réu confessou todos os crimes, mas fez isso apenas após sentir-se confortável, ressaltando a importância do contexto em que ocorreu a confissão. "É essencial que ele seja condenado pelo que realmente fez, não por suposições ou alegações infundadas", afirmou durante a sustentação.

Motivações do crime

O advogado também refutou a alegação de que o crime teria motivações políticas e insistiu que o ato foi motivado por interesses financeiros. Lessa, segundo seu advogado, agiu de forma impulsiva, mirando apenas na vereadora. "Ele disparou a arma em modo rajada e não se preocupou em verificar quem mais poderia ter sido atingido", defendeu.

Julgamento e provas apresentadas

O julgamento, com a presença de sete jurados, também contou com a entrega de um kit de provas pelos promotores do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), contendo 207 páginas com fotos sensíveis do caso. O objetivo foi expor as evidências sem expor ainda mais as vítimas, uma escolha feita em respeito à memória de Marielle e Anderson.

Posição dos promotores

Os promotores não esconderam sua posição em busca da condenação de Ronnie Lessa e de Élcio de Queiroz. Durante a sessão, um dos promotores enfatizou a incredulidade em relação ao pedido de perdão de Lessa, questionando a sinceridade do arrependimento tendo em vista que ele só se manifestou após ser confrontado com as provas. "Se arrepender e pedir perdão em troca de algo é uma afronta à dor das famílias", disse o promotor, evidenciando a frieza dos acusados.

Expectativa da justiça

A juíza Lúcia Glioche, do 4º Tribunal do Júri, presidirá um julgamento que tem captado a atenção nacional, dada a repercussão do caso que envolve temas como violência política e direitos humanos. A sociedade aguarda ansiosamente que justiça seja feita para Marielle Franco e Anderson Gomes, episódios que refletem as tensões atuais do Brasil.

Consequências da pena

Além disso, segundo informações do Ministério Público, a pena pode trazer consequências significativas e Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz enfrentam a possibilidade de cumprir até 30 anos em regime fechado, em um dos acordos mais rígidos do país. Este caso não é apenas um julgamento de assassinato, mas uma luta emblemática pela justiça em um cenário marcado pela impunidade e pelas injustiças sociais.