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Turquia: 'Erdogan tenta transformar país em autocracia ao estilo russo'

2025-03-31

Autor: Gabriel

A diretora para Turquia do Middle East Institute, Gonul Tol, afirma que a recente prisão do prefeito de Istambul, Ekrem Imamoglu, é um sinal claro da transformação da política turca sob a liderança de Recep Tayyip Erdogan. Segundo Tol, essa detenção não é apenas um evento isolado, mas sim um "ponto de virada" que pode indicar uma tendência perigosa em direção a um regime autoritário, semelhante ao da Rússia.

Erdogan, que está no poder há 22 anos, já demonstrou seu desejo de eliminar a oposição e reforçar seu controle político. Com Imamoglu, considerado um potencial candidato à presidência e uma figura carismática, a estratégia de Erdogan parece ser a de neutralizar qualquer ameaça à sua autoridade.

"Ele está tentando transformar a Turquia em uma autocracia ao estilo russo, onde o sistema eleitoral não permite surpresas e ele mesmo escolhe seus oponentes", declarou Tol em entrevista. A situação é crítica, especialmente com a economia turca em dificuldades e Erdogan sob pressão nas pesquisas de opinião.

Tol vê na mobilização das ruas a única esperança da oposição para resistir a essa onda autoritária. Porém, ela também alerta que a repressão pode se intensificar. A ação violenta contra manifestantes não é uma novidade no governo Erdogan; as notícias de prisão de opositores e a manipulação das instituições judiciais tornaram-se frequentes.

Os direitos civis têm sido fortemente restringidos, e detalhes sobre o processo legal contra Imamoglu são alarmantes. Seus advogados relataram que não tiveram acesso adequado aos documentos do caso, indicando a falta de transparência e a politicização da justiça.

A tentativa de silenciar Imamoglu e o uso de acusações de corrupção para desacreditá-lo, segundo Tol, têm um objetivo claro: manter Erdogan no poder e reforçar sua agenda política. A popularidade de Imamoglu, que atrai eleitores de diferentes espectros políticos, reflete uma aliança de forças que pode ameaçar a estabilidade do governo.

As tensões crescem à medida que Erdogan se recusa a ceder espaço à oposição ou aceitar resultados adversos nas urnas. A resposta da comunidade internacional, especialmente de aliados como os EUA, também é um fator a ser atentamente observado, pois a relação está em constante oscilação. Um Erdogan mais alinhado com governos autocráticos, e um Ocidente buscando reafirmar seus valores democráticos, configuram um cenário global inquietante.

Neste momento crítico, a mobilização e a resiliência do povo turco serão determinantes na luta pela preservação da democracia e dos direitos fundamentais no país. A sociedade civil precisa permanecer vigilante, e a pressão pública pode ser o catalisador necessário para reverter este movimento em direção à autocracia.