Trump Complica Exportação de Biocombustíveis Brasileiros: O Que Esperar Agora?
2024-11-09
Autor: Lucas
Donald Trump foi reeleito presidente dos Estados Unidos, e essa volta promete trazer novos desafios para o Brasil, especialmente nas exportações de biocombustíveis. Especialistas reunidos no painel 'Incentivos aos Biocombustíveis' durante o Seminário Energia Limpa alertaram que a entrada de Trump na Casa Branca pode dificultar o cenário para o etanol e o biodiesel brasileiros.
As consequências dessas políticas protecionistas têm se tornado evidentes. Floriano Pesaro, diretor da Apex, destacou que as barreiras tarifárias prometidas pelo presidente norte-americano podem impactar fortemente nossos produtos. Durante sua campanha, Trump afirmou que "tarifa" é a palavra mais bonita do dicionário, prometendo aumentos de 10% a 20% sobre as importações dos EUA.
Os dados são alarmantes: no ano passado, o Brasil exportou US$ 252 milhões em etanol e US$ 70 milhões em biodiesel para os Estados Unidos, ocupando a terceira posição entre os maiores compradores brasileiros, ficando atrás apenas da Coreia do Sul e dos Países Baixos. Com a retórica ameaçadora de Trump, especialistas já se questionam sobre o futuro desse comércio.
Rosana Santos, do think tank E+ Transição Energética, enfatizou que a mudança climática é uma questão crítica e a postura de Trump contra iniciativas de descarbonização gera preocupação. "A colaboração internacional sobre biocombustíveis está ameaçada, e o Brasil precisa encontrar aliados nesses momentos difíceis", comentou.
Apesar das adversidades, o Brasil possui um imenso potencial na produção de biocombustíveis. Os especialistas ressaltaram a necessidade de uma rota nacional que priorize a redução de emissões, em vez de seguir modelos de outros países.
Um destaque da palestra foi o biometano, que pode substituir o gás natural. Esse combustível é gerado através do biogás, oriundo da decomposição de resíduos orgânicos, e sua utilização pode reduzir em até 80% as emissões de gases do efeito estufa. A estratégia do biometano se mostra promissora à medida que empresas procuram descarbonizar seus processos produtivos.
Rosana mencionou ainda a possibilidade de integrar centros logísticos de exportação, como o Porto do Pecém, no Ceará, à indústria local, facilitando a descarbonização de setores como o de cimento e aço.
Com a nova Lei do Combustível do Futuro, sancionada recentemente pelo presidente Lula, o Brasil pode impulsionar sua oferta de biocombustíveis, prevendo misturas mais altas de etanol na gasolina e biodiesel no diesel, proporcionando segurança e previsibilidade para investidores. No entanto, o mercado precisa garantir a qualidade e a disponibilidade ao consumidor.
Atualmente, o Brasil conta com 755 plantas de biogás em operação, um crescimento significativo, mas a Associação Brasileira de Biogás e Biometano indica que o potencial de produção é quase 40 vezes maior do que a atual, sugerindo uma oportunidade impressionante de crescimento.
A competitividade de preços será crucial para atrair o consumidor. Como destacado por Alessandro Gardemann, é essencial que os produtos da transição energética ofereçam preços acessíveis. "A sociedade não está disposta a pagar preços exorbitantes por soluções sustentáveis", resumiu Gardemann.
Com as incertezas geradas pela nova administração dos EUA, o Brasil precisará se preparar para os desafios que virão, ao mesmo tempo que busca explorar suas imensas oportunidades no setor de biocombustíveis. Cada passo conta, e a capacidade de adaptação pode fazer toda a diferença no caminho para uma economia mais sustentável.