As operações de resgate continuam intensas nas ruínas do hotel que desabou na terça-feira (29/10) em Villa Gesell, uma popular cidade balneária na Argentina. As autoridades estimam que entre sete e nove pessoas possam estar soterradas sob até 10 metros de escombros, aumentando a angústia e a esperança da população local. Infelizmente, um homem de 84 anos perdeu a vida na tragédia. O edifício estava em reformas, o que levanta uma série de questões sobre sua segurança estrutural.

Mais de 200 socorristas, apoiados por cães farejadores, passaram a madrugada de quarta-feira (30/10) realizando buscas meticulosas entre as destroços do Apart Hotel Dubrovnik, que se transformou em um símbolo de luto para muitas famílias. O drama humano em meio ao desespero é palpável, e cada minuto conta em busca de sobreviventes.

Os bombeiros realizam os resgates de maneira cuidadosa, removendo as pedras tijolo por tijolo para evitar mais danos às possíveis vítimas ainda presas. A cada 20 minutos, eles solicitam silêncios para tentar captar qualquer sinal de vida no caos das ruínas, já se passando mais de 24 horas desde o acidente.

Por volta de 0h05 do dia do colapso, moradores relataram ter ouvido um estrondo ensurdecedor, mas não conseguiram compreender a gravidade do que estava prestes a acontecer. O hotel, que contava com dez andares, desabou completamente em apenas alguns momentos, transformando 43 quartos em uma montanha de entulho.

Um morador, Saul, que vive perto do hotel, relatou em estado de choque: “Saí de casa assustado. Nunca tinha sentido tanto medo na vida.” A sua história é apenas um dos muitos testemunhos que compõem este trágico evento.

O desabamento se assemelhou a uma implosão, mas por um erro de cálculo, inclinou-se levemente para a esquerda, causando danos a duas casas adjacentes. Graciela, uma sobrevivente de uma dessas residências, falou emocionalmente sobre a sorte que tiveram. "Meu marido disse que não queria café naquela manhã; se ele tivesse mudado de ideia, poderíamos estar na cozinha e as consequências seriam catastróficas”, disse ela, que e seu marido foram resgatados através de uma pequena janela.

Na outra casa, uma turista de 79 anos, Josefa Bonazza, foi resgatada sem ferimentos graves, mas a tragédia não teve um final feliz para seu marido, Federico Ciocchini, que faleceu. Em total, ainda não se tem certeza do número exato de pessoas que estavam no hotel no momento do desabamento, mas as autoridades continuam coordenando o esforço de resgate, cientes de que vidas estão em jogo.

O hotel estava fechado temporariamente para reformas, visando a temporada de verão, e não havia hóspedes. Apenas trabalhadores estavam presentes no momento do colapso. Investigações preliminares já levantaram suspeitas sobre a legalidade das obras e se estas afetaram a integridade do edifício.

Quatro operários, incluindo um mestre de obras e três pedreiros, foram detidos enquanto as investigações se aprofundam. Dois arquitetos também estão sob análise. A Prefeitura de Villa Gesell admitiu que a obra era clandestina e não tinha a autorização necessária, mas agora enfrenta a Promotoria devido à tragédia.

As investigações, ainda em estágio inicial, visam determinar as causas do desabamento e quantas pessoas ainda podem estar sob os escombros. A justiça argentina está considerando acusações de "dano culposo", que podem resultar em penas severas, incluindo prisão e inabilitação profissional, caso se prove responsabilidade pelos fatos. Enquanto isso, o apelo por ajuda e a busca por sobreviventes seguem frenéticas em meio à dor e à esperança nessa cidade mergulhada em tristeza.