Nação

Tragédia em motel: Homem se apresenta como pastor após assassinato de mulher trans

2024-10-25

Autor: João

A cidade de Santos (SP) foi palco de uma tragédia na noite da última terça-feira (22), quando um homem de 45 anos foi preso sob suspeita de ter assassinado uma mulher trans identificada como Luane Costa da Silva, de 27 anos.

Entenda o ocorrido

Antônio Lima dos Santos Neto chegou ao motel na companhia de Luane, mas deixou o local sozinho, cerca de 30 minutos após a entrada. A situação se complicou quando ele retornou ao estabelecimento no dia seguinte, alegando que havia esquecido um celular. Um funcionário, ao verificar o quarto, encontrou o corpo de Luane e imediatamente acionou a polícia.

Testemunhas relataram que Antônio tentou fugir, mas foi contido pelos funcionários até a chegada da PM. Durante o depoimento, ele confessou o crime, afirmando que Luane o abordou oferecendo serviços sexuais e que, ao descobrir que ela era uma mulher trans, se sentiu incomodado e desistiu da relação. Antônio alegou que Luane pediu R$ 100 e impediu sua saída do motel, o que resultou em uma briga entre eles, levando ao trágico desfecho.

Identidade e repercussão

Curiosamente, Antônio se identificou como pastor e declarou ser casado há mais de 20 anos. Em suas redes sociais, há várias postagens onde se apresenta como líder religioso. O portal UOL tenta entrar em contato com a igreja mencionada por ele para verificar sua ligação com o corpo pastoral.

O corpo de Luane, que havia se mudado recentemente para Santos em busca de novas oportunidades, será velado em Santo Antônio de Jesus (BA). Sua irmã, Myllena Rios, explicou que Luane estava se preparando para estabelecer uma nova vida e que a tragédia foi inesperada: "Ela foi na frente para resolver as coisas do apartamento, e eu iria no final do mês, mas essa tragédia aconteceu", lamentou.

Investigação em andamento

A Polícia Civil de Santos registrou o caso como homicídio no 2º DP da cidade. A delegada Daniela Lázaro informou que a tipificação do crime pode mudar conforme novas evidências, incluindo imagens de câmeras de segurança do motel e laudos do Instituto de Criminalística.

O ex-prefeito da cidade natal de Luane, Euvaldo Rosa, lamentou sua morte e apontou para a transfobia que, segundo ele, permeia a sociedade. Em suas redes sociais, ele denunciou todos os tipos de violência, incluindo o feminicídio e a transfobia, destacando que: "Esses atos covardes não têm lugar em nossa sociedade e devem ser combatidos com toda a força".

Vale lembrar que, em junho de 2019, o STF (Supremo Tribunal Federal) determinou a criminalização da homofobia e da transfobia, decidindo que essas condutas devem ser punidas pela Lei de Racismo (7716/89). A pressão por justiça e mudanças sociais em nome de Luane intensifica-se, refletindo uma luta contínua por respeito e igualdade.