Tensão no MST: 'Eu sei que sou um alvo', declara assentado após ataque brutal
2025-01-12
Autor: Gabriel
Introdução
No meu assentamento, um lote foi transformado ilegalmente em condomínio, revela um morador angustiado. Denunciei a situação, e o responsável pelo local simplesmente pediu para não 'mexer com os inquilinos' dele.
Cenário de Insegurança
Invasões por grupos criminosos se tornaram uma constante nas seis áreas do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) na região. As terras ocupadas pelo movimento são propriedades do governo, e os assentados obtêm concessão para utilizá-las. Invadir de forma ilegal é o mesmo que construir uma casa em uma praça pública, explica o assentado.
Clima de medo
Antes do ataque, as intimidações causadas por milícias já criavam um clima de insegurança entre as famílias. Agora, o medo e a apreensão dominam o ambiente. Se a Polícia Federal não intervir, muitas famílias vão acabar deixando a área, principalmente aquelas que mais se dedicam ao trabalho aqui.
O Ataque Brutal
O crime em questão aconteceu no assentamento Olga Benário, onde cerca de dez homens armados invadiram o local em cinco veículos e abriram fogo. Valdir do Nascimento, conhecido como Valdirzão, de 52 anos, foi brutalmente assassinado com vários tiros na cabeça, apontando para a intenção do grupo de aniquilá-lo, segundo Gilmar Mauro, coordenador nacional do MST.
Outras fatalidades
Outro fatalidade foi a morte de Gleison Barbosa de Carvalho, de 28 anos. Seu irmão, Denis Carvalho, de 29 anos, agora luta pela vida em coma induzido. A assessoria do MST inicialmente informou a morte de Denis, mas depois atualizou que ele permanece hospitalizado.
Vítimas e socorro
As vítimas do ataque tinham idades entre 18 e 49 anos e foram socorridas ao Hospital Regional do Vale do Paraíba - Sociedade Beneficente São Camilo, em Taubaté.
Motivação do ataque
De acordo com o boletim de ocorrência, a motivação por trás da brutalidade foi uma disputa por terras. Gilmar Mauro menciona que havia cerca de 20 pessoas no local para garantir que a área não fosse ocupada de forma ilegal durante o processo de regularização de um lote destinado a uma família. Entre os presentes, estavam crianças e idosos que, na sua maioria, estavam dormindo quando a tragédia ocorreu, por volta das 23h.
Pressão imobiliária e resistência
A área é marcada por uma forte pressão imobiliária, com políticos locais e milícias correndo atrás da posse de alguns lotes. Essa luta por resistência já perdura por muitos anos.
Conflito e crime organizado
Cerca de 45 famílias vivem na área, que é regularizada pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) há 20 anos. Uma fonte do MST revelou à reportagem que o conflito envolve questões de crime organizado, com os assentados, que possuem autorização legal para ocupar as terras, temendo que milicianos assumissem o controle do local.
Investigações em andamento
A ocorrência foi registrada como homicídio, tentativa de homicídio e porte ilegal de arma de fogo na Delegacia Seccional de Taubaté. Um homem foi detido no local do atentado, preso em flagrante por porte ilegal da arma usada.
Suspeitos e investigações
Outro suspeito, identificado por testemunhas como um dos responsáveis, foi preso no sábado. O delegado Marcos Ricardo Parra, que investiga o caso, informa que o homem, de 41 anos, confessou a participação no crime, mas negou ter envolvimento nas mortes. Além disso, outro suspeito já foi identificado, mas está foragido. O homem preso indicou que poderia entregar outros comparsas, mas o número total de envolvidos no crime ainda é incerto.
Conclusão
Esse caso alarmante ressalta a crescente violência e a luta por direitos terras no Brasil, colocando em evidência a necessidade de proteção das comunidades vulneráveis.