Na última segunda-feira, a situação da população subitamente desabrigada em Gaza piorou drasticamente devido a ataques das forças israelenses que resultaram na morte de pelo menos 10 palestinos, incluindo quatro crianças. A péssima condição climática, com chuvas torrenciais, agravou ainda mais a crise humanitária ao inundar as precárias barracas de acampamento.

O conflito em Gaza, que já dura quase um ano, continua a ser um pesadelo ininterrupto, mesmo com os holofotes internacionais se voltando para os distúrbios no Líbano e os confrontos no norte de Israel entre o Hezbollah e as forças israelenses.

De acordo com autoridades da saúde palestinas, um ataque a uma escola em Nuseirat, que servia como abrigo para os deslocados, deixou cinco mortos. O Exército israelense justificou o ataque alegando que o alvo era um centro de comando do Hamas que, antes, funcionava como uma instituição escolar.

Mais tarde, um ataque aéreo em Deir Al-Balah vitimou uma mulher e quatro crianças. O sofrimento só aumentou à medida que as chuvas intensas deixaram as famílias sem abrigo, um cenário devastador marcado por barracas destruídas e alimentos comprometidos.

De forma preocupante, Ahmed Al-Burai, um morador de 30 anos, relatou que muitos estão improvisando suas moradias com materiais como sacos de farinha e roupas usadas. "Em poucas horas, tudo se afogou, os cobertores, a comida e as esperanças foram levadas pela chuva", desabafou.

Os preços de barracas e lonas plásticas dispararam em função da escassez, com valores que saltaram de 100-200 shekels (cerca de 27-54 dólares) para exorbitantes 700-800 shekels (189-216 dólares) em questão de dias, expondo a exploração das necessidades básicas da população pelos comerciantes.

A ONU alertou sobre a urgência de suprimentos e abrigos adequados para enfrentar o rigoroso inverno que se aproxima. Com a proximidade da estação, as condições atuais de abrigo são claramente insuficientes: "Plásticos e tecidos já não são suficientes para proteger as pessoas da chuva e do frio", afirmou a agência de ajuda humanitária.

A devastação trazida quase um ano de guerra resultou no deslocamento de mais de 2,3 milhões de palestinos na Faixa de Gaza, enquanto mais de 41.300 vidas foram perdidas desde o início dos ataques israelenses. O conflito, já o mais mortal na longa história da animosidade entre Israel e Palestina, começou em 7 de outubro, quando o Hamas lançou um ataque em Israel que resultou em 1.200 mortes e mais de 250 reféns.

Neste contexto, a humanidade e a dignidade dos palestinos são severamente ameaçadas, enquanto a comunidade internacional observa, aplaudindo a urgente necessidade de ações efetivas.