Com os incríveis avanços no tratamento e no diagnóstico precoce de câncer, cada vez mais pessoas estão vivendo não apenas mais tempo, mas também com uma qualidade de vida muito melhor após a descoberta da doença.

Nos Estados Unidos, por exemplo, as últimas três décadas testemunharam uma impressionante redução de 33% na taxa de mortalidade por câncer — um número que equivale a cerca de 3,8 milhões de vidas salvas, segundo a American Cancer Society.

Apesar dessas notícias animadoras, o câncer continua sendo a segunda maior causa de morte no mundo, de acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Diante desse panorama, cientistas, governos e a indústria farmacêutica estão se mobilizando para investir ainda mais em pesquisas que visam novas formas de combater essa doença devastadora.

"Os progressos nos tratamentos têm sido extraordinários. Novos medicamentos estão nos conduzindo rapidamente para uma era onde as pessoas poderão desfrutar de muitos anos de vida após um diagnóstico de câncer, com um risco de recorrência bastante reduzido", afirmou Eliav Barr, chefe de desenvolvimento clínico global e vice-presidente sênior da farmacêutica MSD (Merck Sharp & Dohme), durante uma conversa exclusiva com o VivaBem.

Ele destacou que, embora tenha havido grandes marcas de progresso, ainda há um longo caminho a percorrer até que possamos transformar o câncer em uma doença crônica que não causa tanta mortalidade. "Devemos continuar a nos concentrar na obtenção de novos medicamentos e terapias inovadoras que garantam que os pacientes que passam por cirurgias para remoção de tumores não enfrentem uma recaída", explicou o médico e pesquisador.

Barr também mencionou o trabalho em centenas de ensaios clínicos que estão em andamento e expressou otimismo em relação ao futuro. "Acredito que iremos descobrir medicamentos que efetivamente possam prolongar a vida das pessoas de forma significativa. Espero que em breve possamos afirmar que o risco de morrer de câncer é verdadeiramente baixo", declarou ele.

Pesquisa em Foco

O diretor médico da MSD delineou os principais objetivos de algumas terapias em desenvolvimento. Dentre os objetivos, destacam-se:

1. Aprimorar a Resposta Imunológica ao Câncer

O câncer é percebido pelo corpo como um invasor, mas a resposta imunológica muitas vezes falha em reconhecê-lo. Em ensaios clínicos, a equipe analisa o câncer de cada paciente individualmente para identificar anomalias e treinar o sistema imunológico a atacar as células cancerosas de forma mais eficaz.

2. Compreender o Rápido Crescimento Anômalo das Células Cancerosas

Muitas vezes, o crescimento acelerado de células cancerosas está relacionado a genes quebrados que influenciam a replicação celular. Barr compara o tumor a um carro desgovernado. O desafio é encontrar formas de "frear" esse crescimento descontrolado.

3. Aprimorar a Quimioterapia

Barr explicou que uma parte das pesquisas busca maximizar a eficácia dos tratamentos de quimioterapia para que atinjam apenas as células cancerosas, minimizando os impactos sobre células saudáveis do corpo. "Estamos desenvolvendo tratamentos que atacam apenas o tumor, preservando o resto do organismo", afirmou.

Com esses avanços, a esperança é que no futuro, as pessoas possam enfrentar o câncer com muito menos risco e mais confiança. Uma nova era de tratamentos eficazes está se aproximando e os pesquisadores estão determinados a fazer a diferença.