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Taxas de Juros Futuras Disparam no Brasil: Impactos da Política Fiscal e as Apostas em Trump

2024-11-01

Autor: Pedro

As taxas dos DIs (Depósitos Interbancários) subiram vertiginosamente nesta sexta-feira (13), encerrando acima de 13% em quase toda a curva. Este movimento foi impulsionado pela ausência de medidas fiscais concretas do governo Lula e pela crescente expectativa de que Donald Trump vencerá as eleições presidenciais nos Estados Unidos na próxima semana.

Em alguns trechos da curva, as taxas alcançaram níveis próximos a 13,30%, algo que não era registrado desde março de 2023, quando o novo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva ainda carecia de clareza sobre as diretrizes fiscais a serem adotadas.

Ao final da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2025 atingiu 11,33%, comparada a 11,281% do ajuste anterior. Para janeiro de 2026, a taxa foi de 13,075%, em contraste com os 12,796% registrados anteriormente. Nos contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2028 subiu para 13,29%, um aumento de 31 pontos-base em relação aos 12,984% da véspera. Para janeiro de 2033, a taxa foi de 13,11%, contra 12,814% anteriormente.

Na parte da manhã, dados fracos do relatório de empregos nos EUA inicialmente causaram um impacto negativo nas taxas de Treasury, mas essa tendência foi rápida e logo se inverteu. O Departamento do Trabalho dos EUA relatou a criação de apenas 12.000 empregos fora do setor agrícola em outubro, uma queda significativa em relação aos 223.000 empregos criados em setembro, que foram revisados para baixo. Este resultado surpreendeu muitos, já que economistas esperavam um crescimento de 113.000 postos de trabalho, influenciado por furacões e greves no setor aeroespacial norte-americano.

Após a divulgação do payroll, as taxas de juros voltaram a se intensificar tanto nos EUA quanto no Brasil, especialmente devido à expectativa de que Trump derrotará a democrata Kamala Harris, o que traz uma perspectiva de políticas fiscais mais expansivas que poderiam exacerbar a inflação.

No cenário brasileiro, a ausência de decisões fiscais objetivas está exacerbando a pressão sobre as taxas de juros. Getulio Ost, um especialista da SulAmérica Investimentos, destacou a falta de clareza nas políticas fiscais e no ambiente político como fatores cruciais que afetam a curva de juros.

Além disso, a aproximação das eleições municipais no Brasil está gerando insegurança quanto às medidas fiscais que precisam ser anunciadas. Profissionais do mercado financeiro, como Vitor Oliveira, da One Investimentos, afirmaram que a pressão causada pela incerteza fiscal ao longo do ano tem impactado significativamente o comportamento das taxas.

Os próximos dias são cruciais; com o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em uma viagem à Europa, não há expectativa de anúncio de medidas fiscais durante essa semana, o que intensifica a necessidade de um “choque de credibilidade” no cenário econômico.

A expectativa é que na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, a taxa Selic passe por um aumento de 50 pontos-base. As apostas já indicam 88% de probabilidade de aumento, contrastando com apenas 12% para um aumento de 75 pontos-base. Atualmente, a Selic está em 10,75%.

Profissionais mencionaram que, caso Kamala venha a vencer, os prêmios relacionados à incerteza fiscal podem se reduzir, o que também impactaria o câmbio, especialmente após o dólar ter superado os R$ 5,80 devido às expectativas em torno de Trump.

No cenário internacional, o rendimento do Treasury de dois anos registrava alta de 5 pontos-base a 4,214%, enquanto os Títulos de dez anos, referência global para investimentos, subiam 9 pontos-base, chegando a 4,376%.