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Superquarta: Entenda por que o Banco Central do Brasil deve subir os juros enquanto os EUA caminham para reduzi-los

2024-09-16

A semana se inicia agitada nos mercados financeiros, especialmente nas vésperas da tão aguardada "Superquarta" de 2024. Este termo refere-se às quartas-feiras em que ocorrem as reuniões do Banco Central dos Estados Unidos e do Brasil, onde as taxas de juros são definidas.

A expectativa é de que o Federal Reserve (Fed) finalmente inicie a redução das taxas de juros nos EUA, que estão em seu maior nível em mais de duas décadas, após esforços para controlar a inflação provocada pela pandemia de Covid-19.

Uma queda nas taxas norte-americanas tende a aquecer a economia ao estimular investimentos e consumo, levando investidores de todo o mundo a buscar retornos em novos destinos, como mercados emergentes, incluindo o Brasil.

Em contraste, o Brasil está se preparando para possivelmente aumentar a taxa básica de juros (Selic) mais uma vez. Embora o país tenha registrado crescimento econômico, o cenário fiscal continua preocupante, levando os investidores a hesitarem em colocar seu capital em solo brasileiro.

O papel do Banco Central do Brasil, como "guardião dos preços", torna-se ainda mais crucial neste contexto. As análises apontam que o BC pode implementar um aumento da taxa como uma medida de precaução, visando manter a inflação sob controle e mostrando ao mercado que está atento à deterioração das expectativas.

Um aspecto importante é a recente desvalorização do real em relação ao dólar, que pressiona a inflação no país. Especialistas observam que a combinação de uma economia crescendo rapidamente com a necessidade de ajustar as contas públicas pode ser uma receita para riscos inflacionários. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação, está atualmente em 4,24% nos últimos 12 meses, próximo ao teto da meta do Banco Central.

Com a aproximação da Superquarta, a atenção se volta para o que deve acontecer:

- **Estados Unidos**: Espera-se que o Fed anuncie o primeiro corte de juros desde 2020, com a possibilidade de redução de 0,25 a 0,50 ponto percentual na taxa atual, que varia entre 5,25% e 5,50%. Apesar do mercado otimista, as dúvidas permanecem sobre a magnitude e a velocidade dos cortes. A expectativa é que esta seja a primeira de várias quedas durante o ano, caso a inflação permaneça sob controle.

- **Brasil**: O Comitê de Política Monetária (Copom) poderá optar por um aumento na Selic, atualmente em 10,50%. As razões incluem a pressão inflacionária e a necessidade de um ajuste fiscal mais rigoroso. A expectativa é que a Selic atinja 11,25% até o final de 2024, caso os riscos inflacionários persistam.

O cenário é complexo e repleto de incertezas, tanto para os EUA quanto para o Brasil. Enquanto os americanos tentam administrar uma inflação em queda e um mercado de trabalho aquecido, os brasileiros enfrentam desafios em suas contas públicas e um crescimento que pode não ser sustentável a longo prazo.

Além disso, a decisão de cada um dos bancos centrais terá impacto não só na economia local, mas também no fluxo de capitais globalmente. Com os EUA possivelmente diminuindo os juros, pode haver um fluxo maior de investimentos para mercados emergentes, como o Brasil. Isso pode ajudar a reduzir a pressão sobre a taxa de câmbio e a inflação no país.

As próximas reuniões e declarações de ambos os bancos centrais serão fundamentais para os investidores e a economia global, e todos os olhos estarão voltados para os desdobramentos dessa Superquarta.